Odisseia do Escritor
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 O Ermitão de Chapéu

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Ademar Ribeiro
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Ademar Ribeiro

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MensagemAssunto: O Ermitão de Chapéu   O Ermitão de Chapéu Icon_minitimeDom Out 19, 2014 1:32 pm

Hoje estou velho, vergado e abatido. Minhas juntas doem por causa da bendita artrite. Minha jornada foi longa e tortuosa, ainda sinto os martírios dela como se fossem hoje. Mesmo velho e afadigado ainda acredito que minha jornada não findará aqui, e nem tão logo.


Sabe, gosto desta vila. É pequena, mas amistosa. Tem um cheiro bom de terra molhada, as montanhas que a circundam me dão um alivio, um certo conforto. Tenho muitos companheiros por aqui, prefiro dizer que eles me adotaram, já que estão aqui antes de minha chegada. Todos os dias ao acordar eu venho aqui nesta esquina. Sentado neste banco feito de tora cortada, debaixo dessa goiabeira sem fruto e solitária, tocando minha viola arruinada para quem quiser escutar a minha prosa.


Muitos duvidam de mim, não acreditam em minha melodia, mas eu nunca menti, esta é uma das minhas sinas, não sei explicar, só não consigo o faze-lo.


Quando toco minha velha viola, não é em busca de louros e tão pouco sucesso que eu a faço, eu a toco para contar as minhas idas e vindas até aqui. Vez ou outra, recebo aplausos, outras, algumas moedas, mas passar a diante o que vivi é o crucial.


Minha cabaça está desabitada, já passa das onze e minha barriga dói, meus companheiros ladram, talvez seja a fome que os afligem. Contarei uma de minhas memórias, logo alguém virá me notar.

No início éramos somente primatas selvagens. Corpulentos, peludos, com nossas posturas encurvadas, testas proeminentes, artelhos alongados, e lá estava eu agindo como meus semelhantes. Fizemos uma fogueira e nos agrupamos dentro de uma caverna para fugir do tal frio. Éramos todos símios desenvolvidos, uma raça superior, uma raça pensante dotada de certas habilidades. Estávamos em plena transição da era do gelo.


Sabe, é incomum eu lembrar disso tudo, este evento me parece tão distante que as vezes duvido se realmente vivi aquilo.
Os anos se passaram e com eles a evolução da espécie. Os primatas selvagens evoluíram para o que somos hoje.


Os homens se criaram nesta terra, fizeram dela seu lar, derramaram suas sementes para o além do horizonte. E lá eles viveram com suas vidas procrastinadas, buscando uma ideologia fixa de ser o melhor dentro de um grupo pseudo social, imposto por um alguém tão débil que não sabe a real razão de criar tais grupos.


Pois bem, vamos dar seguimento a minha prosa, minha vivência se tornará um livro se assim o aceitarem.


Esta época foi uma das mais difíceis em que vivi. Se deu quando Noé, descendente direto de Matusalém, foi convencido da purificação da terra. Mas teus meios se tornaram instáveis. Se isolou com sua família para um vale depenado. Lá ele começou a construção de uma enorme arca. Estive lá, podem duvidar, mas contarei como de fato aconteceu.

Os Descendentes - como era conhecida a herança de Caim - seguiam com suas vidas diferentes do estado comum. Eram promíscuos, inescrupulosos e tentavam a qualquer custo irromper os filhos de Matusalém, linhagem direta de Sete, embora parentes consanguíneos de grau mais afastado.


As vidas dos filhos de Sete não eram partilhadas. Então assim se criou os violentos conflitos da época.


Noé foi buscar orientação sobre como prosseguir com sua vida. Queria conduzir os descendentes de Sete para um porto seguro, longe daquela linhagem corrompida por Tubalcaim.

Ele sempre foi de todo honesto sempre escutando os outros, sendo paciente e ponderado. Mas a vida estava se tornando difícil, as investidas do povo hostil há muito aterrorizavam a sua família. Foi quando Noé, numa súbita súplica, pediu aos céus uma intervenção em sua vida. Mais do que isso, ele teve uma visão. Noé viu o céu desabar em prantos, viu os homens se afogarem num mar infinito de pecados e lamurias, viu o mundo se inundar por lágrimas e por fim ser purificado.



Ele começou com sua ideia. Não entendo o que ele queria com aquela construção. Não estava claro para nós aldeões o presságio de Noé.  Mas era algo gigantesco.


Anos se passaram, na verdade décadas, quando enfim ele concluiu sua obra colossal. Uma arca gigantesca. Confeccionada com toras de acácia. Perguntou-se o porquê daquela "missão", mas Noé incógnito nunca revelava seus presságios. Ele aguardou respostas por várias luas. Já fazia residência dentro da tal arca. Quando tudo aconteceu.

Era dia, estávamos em um acampamento, na reserva próximo ao vale escalpelado quando um grupo de pássaros sobrevoava o céu. Eram pássaros de todas as espécies. No máximo um casal de cada. Aquilo me intrigou. Então corri. Segui aquela revoada que se dirigia ao leste. Lá no vale se encontrava a arca de Noé. Ele estava na proa. Tocava algo e as aves como num encanto musical invadia o interior da embarcação. Eram muitas espécies que eu jamais sonhei em ver. Escalei uma árvore, onde fiquei a observar. As aves estavam quase todas empoleiradas no interior da arca quando os pequenos animais se aproximaram. Aquilo era impossível. Os pequenos corriam e juntos as aves, eles atravessavam a entrada do interior do barco. Mas o pior ainda estava por vir. Animais selvagens corriam em debandadas, derrubando as arvores que ficavam no caminho, seguiram empurrando um ao outro em busca de espaço para invadir o vale escalpelado, onde a gigante construção se encontrava. Noé tocava suas melodias atraindo os animais que chegavam aos pares, um de cada vez. Até o ultimo ser rastejante. Loucura?


Um clarão seguido de um estrondo se fez ecoando por toda a planície. Ao olhar para o céu buscando o que causava tal estardalhaço, uma gota me vem e acerta-me um olho, logo outra e mais outra. E enfim se iniciou a chuva, abriram-se as comportas do céu. No terceiro dia de chuva o chão já estava totalmente tomado pelas aguas, não se via mais terra, as tribos correram para os montes, mas a chuva era impetuosa. Mais alguns dias. Eu me mantive ali, sobre aquela enorme acácia, me alimentava com as folhas e a agua da chuva. Tinha dificuldades em dormir, estava dependurado, sob o castigo de uma chuva torrencial. Foi quando a agua alcançou meus pés. Eu estava no topo.  O desespero me invadiu. A arca flutuava pesadamente, ainda não sairá do lugar, apenas esboçava movimentos sutis. Então mergulhei, comecei a nadar até encontrar a arca. Sua estrutura rustica me permitia segurar, mas sua forma cuneiforme me impedia de subir a bordo. Foi então que me apoiando encontrei uma brecha. Um espaço entre as madeiras onde cabia minha mão, forcei e o buraco cedeu dando espaço para que eu pudesse me esgueira para dentro. Foi mais de três semanas como um clandestino. Foi então que as chuvas cessaram, fecharam as comportas do céu. Eu não ousei sair de meu lugar, mas lá em baixo os animais todos dormiam, realmente havia um encanto envolvendo tudo ali. Este foi o dia da purificação. Após cento e cinquenta dias as águas secaram. A arca atracou no monte Ararate. Os animais se foram. Fiquei ali escondido o tempo todo. Me apresentei no dia do desembarque. Fui recepcionado de forma agressiva. Noé queria purificar a terra da raça humana, no entanto eu estava lá, ele tentou me matar. Lutamos até não aguentar mais. Seus filhos o apoiaram e levei a pior, Noé não teve coragem de findar minha vida. Como se ele pudesse. Apenas me ignorou e seguiu com sua família. Levantei-me, limpando minhas vestes e fui embora em uma direção oposta. Durante anos, dezenas deles eu não via ninguém vagando por estas terras, apenas carcaças humanas secando ao sol.



Notou-se que o mundo se refez em uma dada época. A tal purificação fez todos os pecaminosos pagarem os seus pecados. Mas há quem diga que a voz retumbante que ecoou na mente de Noé se arrependeu de sua conduta. Ao purificar o mundo a comoção o dominou, diferente do que pensava, ele sofreu, amargou cada cadáver boiando no mundo, seja humana, seja animal, todos frutos de sua criação. Então a voz se calou e em um instante o mundo se recriou.


Quase mil anos depois. No antigo Egito. Um escravo mirrado e acabadiço conduziu seus “irmãos” pelos caminhos mais tortuosos e arriscado de todo aquele orbe. Eu estava lá, estávamos dentro daquele império quando Moisés libertou seus irmãos com as palavras. Sua fala encantava, amenizava, protegia e por fim rompia os grilhões invisíveis daquela multidão enfraquecida pelo império.


Tudo começou no monte Sinai, quando uma sarça ardente que não se consumia com o fogo lhe falou em voz pujante. Moisés estava determinado a seguir aquelas palavras, precisava salvar seus irmãos.


O Profeta, como também era conhecido Moisés, rogou as dez pragas do Egito na vã tentativa de libertar os escravos israelitas. Seu rei terreno não se comoveu, apenas se alimentou das desgraças causada pelo libertador, ele não permitiria o desertar de seus escravos. Durante dias, meses e anos fugindo do faraó, Moisés chegou ao mar Vermelho. O rei o perseguia. Não existia mais saída. Seus irmãos já perderam o pouco de esperança que lhes restavam. Foi então que o Profeta olhou aos céus e de lá ele clamou pelo milagre. Seu pedido com fé foi atendido, usando de sua convicção, Moisés estendeu a mão direita para o mar que se rompeu, dividindo-o em duas metades.


Atravessamos naquela clareira entre as aguas do Mar Vermelho, o terreno estava úmido, algumas espécies marinhas se estrebuchavam no chão. As paredes gigantescas nos limitavam seguir por outros caminhos. Somente seguir em frente. Os soldados seguiam logo atrás em suas bigas, cavalos e aos montes a pé. Olhei para uma silhueta turva que se movia dentro da imensidão da agua. Me assustei por um segundo. Aquilo foi surreal, parecia um corredor entre dois aquários de escala colossal. A silhueta escura circulava lindamente dentro da agua, era uma baleia cachalote.


Os soldados do rei nos seguiam há algumas milhas de distância. Os enormes muros começaram a desabar, os soldados do rei se sucumbiram nas enormes ondas que quebraram sobre eles. Se deu ali o êxodo. Entre as duas metades do infinito mar Vermelho, Moisés conduziu seu povo para a liberdade.



Aquele dia acreditei na tal fé que move montanhas, neste caso moveu os mares, Moisés seria um santo nos dias de hoje. Ministrou muitos milagres através de seu pai. Ele libertou milhares de escravos. Fez se assim um novo povo. Um povo livre, onde suas condutas não seriam comedidas, agora eles teriam seu livre arbítrio. Uma nova sociedade se iniciava.


Os anos passam rápidos em minha vida, passam como plumas ao vento. E lá estava eu alguns anos depois. Foi uma das épocas mais difíceis que eu testemunhei. Como sobrevivi? Não faço ideia! Quer dizer, faço sim!


Cheguei como um forasteiro, estava cansado de minhas viagens, foi então que um peregrino que encontrei pelo deserto me conduziu até aquela cidade. Os anos que passei ali foram os mais assombrosos. A cidade aos poucos se perdia, tudo estava entregue a carne! Bêbados fornicando torto e a direita, pegando a esposa a força, pegando outras mulheres, crianças, animais e até outros homens. A dualidade do gênero sexual se unificou. Seguiram somente uma linha, a linha do prazer. Esqueceram de todas as condutas pré-estabelecidas pelos ensinamentos anteriores. A cidade foi entregue a danação e ao pecado. Saqueadores, assassinos, estupradores, todos figuravam pelas vielas de Sodoma e Gomorra, duas cidades vizinhas e entregue a imoralidade.


Havia um homem de fé. Seu nome era Ló, era sobrinho de Abrão, ele se abstinha daquela imoralidade. Vedava os olhos e ouvidos de suas filhas para não lhes envenenar com as palavras do mal que soava pelas ruas das cidades. Este pediu, clamou pela misericórdia de sua família.


Dois anjos mensageiros vieram até Ló, causando uma estupefação aos sitiantes. Aqueles corrompidos tinha uma cultura leviana, queria se apossar dos anjos, sodomizá-los. Ló em seu íntimo sofria, sentia um vergalhão incandescente invadir suas entranhas, mas sabia o que fazer. Os homens zangados esmurravam sua porta quando ele decidiu entregar as suas filhas para salvar os hospedes celestiais.  Os anjos descobriram ali o tal mensageiro de Deus, Ló foi o escolhido. Então na noite, quando muito resistir a não abrir as portas, quando os homens caíram bêbados, os hospedes incutiram Ló e sua família a fugir. Escutei as palavras daqueles seres angelicais, e me precipitei em fugir, quando uma chuva flamejante cobriu os céus. A cidade enfim foi alvejada. Os sitiantes de Sodoma e Gomorra foram pegos desprevenidos, bolas de fogo zuniam até atingirem seus alvos. Os prédios desabaram, as pessoas queimavam. Eu me mantive no alto de um monte, eu vi as cidades serem consumidas pelas chamas.


Ló corria de mãos dadas com suas duas filhas, subiam a colina, sua esposa o seguia logo atrás. Mas ela não resistiu à curiosidade de ver seu mundo ruir. Decerto seu coração ainda estava em Sodoma, e ela ainda estava incrédula quanto ao que os anjos lhes havia dito. Ela não queria sair de Sodoma e saiu à força. Ao olhar para o produto da destruição o castigo foi imediato: ela converteu-se numa estátua de sal.


Fiquei ali tão petrificado quanto ela.  Seu marido puxou as crianças e chorando ele se foi, abandonando aquela silhueta salinizada. Aquela noite jamais esquecerei, por isso inclui em minhas memórias.



Está quente, já passa do meio dia. O sol arde lá no alto onde ele reina. As pessoas passam alheias a mim. Minha boca esta seca, meus companheiros enrodilhados a minha volta respiram ofegantes com suas línguas para fora. Irei contar uma nova história, essa que teve um ponto crucial para a nação contemporânea. Essa melodia normalmente rende bons trocados. Me ajeitei no toco, minhas costas doem de novo, cruzo as pernas, minha pele está cinzenta, minhas unhas enormes, minha alpargata puída com sua tira de couro frouxa e gasta. As mães da cidade começam a circular na praça com seus filhos a tirar colo, é a saída da escola. Aproveitarei a deixa.


Uma estrela cadente brilhou no céu, ela anunciou a chegada do salvador. O arcanjo revelou a mãe o milagre que germinava dentro de seu interior. Eu estava lá quando o pai, o carpinteiro, a amou e aguardou a chegada do menino Messias. O amor nasceu ali, naquela manjedoura, ao lado dos animais, junto a seus pais carnais. O mártir da salvação estava vivo entrenós a caminho de sua missão. O nascimento do amor e esperança se fez.


O nascimento do filho de Deus me traz muitos curiosos, eles estão me ouvindo com atenção. Prevejo uma boa quantidade de moedas.


Trinta e três anos depois. Houve uma ceia, onde Jesus comungava com seus apóstolos. Ali ele sabia que seria traído. E seu destino selado.


Pedro, seu amigo e apóstolo, lhe negou em três ocasiões antes do galo cantar. Após o último cacarejar da ave os guardas romperam as portas da casa de José e levaram seu filho.


Eu o segui no caminho do calvário, agora adulto e profético, foi triste mas eu estava lá, foi doloroso, mas eu estava lá.


Cristo foi amarrado ao tronco e açoitado com várias chibatadas, tudo isso porque ele se autoproclamava filho do senhor Deus, o rei dos reis. Não contente com o açoitamento, levaram Cristo até o imperador. Pôncio Pilatos, movido ao calor da multidão, libertou um de seus piores assassinos para julgar Cristo em seu lugar, mas o povo queria mais, o povo queria sangue. Então o imperador lavou suas mãos em água pura. Sinal de abstenção de julgamento dando ao povo este direito.


Cristo arrastou uma enorme tora sobre seus ombros. Uma coroa de espinhos lhe foi colocada na cabeça, visto que ele se intitulava o rei dos reis. Os espinhos secos cravaram-se em sua pele, sua carne inflamada sangrava. Jesus estava fraco, não se alimentava há dias, alguns seguidores comovidos tentaram lhe dar um punhado de pão ou um gole de água, mas eram desencorajados pelos soldados e seus açoites. Maria e Madalena o seguia de perto, em prantos elas buscavam confortos nos olhos dele.


Subiu em direção ao monte Calvário sob chibatas. Os sitiantes de Jerusalém o ridicularizavam, lhe atiravam pedras e frutas podres. O filho do altíssimo estava prestes a salvar a civilização, mas não foi compreendido pelo seu povo. Quando um de seus escolhidos lhe traiu ele soube que seu futuro estava traçado, sua missão era salvar aquele povo e ali estava ele, suplantado, sofrendo, banhado em sangue, mas sua força era infinita, ele apenas pedia a seu pai para olhar por ele naquele derradeiro dia.


No alto do monte haviam duas cruzes e um poste. A crucificação se deu. Enormes pregos lhe atravessavam os pulsos e pés, ali ele sofreu o viés dos cegos de espirito. Em uma última suplica ele olha aos céus e pede perdão aos que lhe impuseram tal situação. Disse ao seu pai que eles não sabiam o que faziam e que os perdoava, quando de súbito uma lança lhe atravessou abaixo das costelas atingindo seu coração. O silencio de Cristo no monte Calvário. Sua mãe e seus companheiros desconstruíram em prantos, o povo aplaudia. E assim o amor foi assassinado.



Pronto, já são quase uma da tarde e minha cuia está pela metade. Me levanto e sigo para o centro da praça, meus companheiros se atiraram no chafariz e ali fizeram sua festa particular. Me despi de minha capa surrada e banhei minhas mãos na água. Me vi naquele reflexo brilhante, o sol ardia em minhas costas, tudo parecia diferente. Solvi aquele liquido, alguns goles e então parti. Arrastando meus pés, desci até a rua das flores. Lá eu sentei debaixo de um ipê. A minha volta flores amarelas pairavam lentamente. Fruto dos ventos daquela terra. Meus companheiros, agora molhados, se espreguiçavam ao sol. Baixei meu chapéu e recostei no tronco.


Muitos anos depois, em uma outra época, um futuro incerto se fez após a retaliação com Cristo. A Inquisição medieval foi fundada para preservar a disciplina eclesiástica internamente com à supressão da heresia no seio da Igreja Católica. Todos aqueles que assim não as seguisse pagavam caro. As mulheres que praticavam a adoração de plantas, animais e utilizavam mancias eram dadas como bruxas e no monte de pilha fumegante elas findavam. Segundo os clérigos, só assim elas pagavam seus pecados, eu vi. O arrependimento já nãos lhes cabia mais. Uma época que vivi escondido, apenas assistia os shows de horrores em praça pública, mas receava ser o próximo. Então aqueles dias foram os mais temíveis em minha longevidade. Foram os dias em que vivi às escuras. Na reclusão de minhas ideias.


O carregador do mercadinho passou com sua bicicleta carregada de compras em um cesto na garupa. Ele me concedeu um sorriso, é um negrinho sambudo de dentes proeminentes. Me veio um fato lamentável da história, um fato que presenciei. A escravidão. Aquele preconceito inadequado com os negros me fazia regurgitar meu desjejum. Eles eram açoitados e castigados sofrendo na mão dos feitores. Hoje não é diferente, só mudaram as metodologias escravistas. Impuseram ideias que trabalhar por doze horas, em situações precárias recebendo um salário base, era o padrão da classe operaria. Indignado com tal realidade me afugentei para o campo, e cá estou, e lhe darei mais uma de minhas memórias.


Os negros fugidos dos engenhos fundaram o Quilombo dos Palmares, assim se fez uma colônia. Ali quem chefiava era Ganga Zumba. Eles lutavam diariamente contra a Capitania, até que o chefe do estado lhes propôs um acordo, Alforria para todos os negros do Quilombo. Ganga parecia inclinado a aceitar, mas seu sobrinho Zumbi recusou a oferta dos brancos. Não achou justa a libertação de alguns escravos enquanto o resto ficava a mercê dos feitores das fazendas e engenhos. Se deu ai uma nova resistência. Zumbi agora liderava os quilombolas de Palmares contra as tropas portuguesas. Seu tio Ganga foi envenenado. Foi um ataque fulminante das tropas, os quilombolas se sucumbiram a tirania imperial, mas Zumbi, mesmo ferido conseguiu fugir.


E foi no ano seguinte que se deu a traição, assim como Jesus, Zumbi também foi traído por um antigo companheiro. Sua captura se fez por um certo capitão Mendonça de Furtado, que posteriormente foi honrado e premiado por D. Pedro II, por bravura em capturar e assassinar o negro Zumbi dos Palmares.


Mais um mártir se fez, morreu com uma ideia de salvar seu povo. Assim caminha a sociedade, sempre oprimida e imposta por leis que beneficiam os maiores. Assim vivo eu com minha longevidade. Testemunhando as atrocidades humanas que estão presente desde minha infância.


O sol arde, crianças jogam bola no paralelepípedo. Minha barba grisalha voa com o vento.


Meus testemunhos podem ter chocado alguns, mas de longe foram tão cruéis feito este.


Um sujeito mirrado do leste europeu cresceu em força oratória e persuasão se tornando o chanceler da Alemanha. Um ditador socialista que almejava um poder igualitário mundial, onde sua potência lideraria uma nova ordem política, destronando os sociais democratas. Junto a essa ideologia ele pregava a seus seguidores a propagação da raça ariana, a raça pura segundo ele. Ali naquele país, manipulado pelo ditador efêmero, ocorreu as maiores atrocidades já vista contra algumas classes menos difundidas em gêneros, religião ou raça.


Foi em Auschwitz onde os trens despejavam suas “cargas”, os judeus caçados na Alemanha. Uma viagem sem volta. Dentro daqueles vagões apertados, sujos e fétidos como aqueles caminhões das granjas. O trem da morte, como era conhecido, se dirigia para a Polônia. Era lá que o sangue derramava. As câmaras de morte faziam até as montanhas chorarem lágrimas de sangue. Fui um soldado raso nesta época, eu me limitava a assistir e engolia minha ânsia e repudio daqueles atos. Filas de judeus trajados com uniforme listrados seguiam para a morte. Convencidos que teriam um banho coletivo foram trancados naquele cômodo blindado. E lá dentro se ouvia os gritos. Não houve milagre, parece que o criador abandonou suas crias, diante de tais atrocidade eu desejava a morte. Já tinha visto de tudo, mas aquilo me feriu, eram inocentes pagando por um capricho daquele extremista nazista.


Meus companheiros, jovens alemães em seus abrigos, não sentiam comoção, pelo contrário, eram indiferentes. Só queriam que tudo terminasse o mais rápido para voltarem aos braços de suas amadas.



Acostumado com toda as adversidades eu fugia do senso comum, fui morar na rua. Lá eu tinha uma visão ainda mais ampliada do mundo. Em pouco menos de um século nesta condição eu vi o que não vi em milhares de anos. Os excluídos enxergar por uma ótica diferenciada. A sociedade os tratam como fantasmas, seres vegetais e inanimados. Apenas os ignoram. Mas foi ai que me senti bem na verdade. A criação é falha. Então eu sorri e quando todos praguejavam pelo mau tempo, eu dormia com meus companheiros ao relento.


Essa é a sina que sempre me guia, eu não posso negar, fugir, nem tão pouco amar. Duas coisas que eu não posso fazer, uma e mentir e a outra morrer.
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Música:


Última edição por Ademar Ribeiro em Ter Nov 04, 2014 5:09 pm, editado 2 vez(es)
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Tammy Marinho

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MensagemAssunto: Re: O Ermitão de Chapéu   O Ermitão de Chapéu Icon_minitimeDom Out 19, 2014 5:43 pm

Bora lá...

Tema: Música.... e bem evidente que música é
Subgenêro: *música de suspense* hahahhaha nha longevidade nesses níveis é até pecado questionar, embora o subgenêro seja quase subjetivo de tão sútil e pudesse ser mais ricamente explorado.

Sabe lendo teu conto, eu tive um insight na parte de Moisés.... seja cético, arranca Deus e seus milagres daí, mas mantém a passagem, podíamos ter Realismo Mágico.

Na verdade podia ter explorado grande parte das passagens biblícas com o Realismo Mágico.
Do dilúvio de Noé a Sodoma e Gomorra.

Hahahahaha to até animada com esse insight.

Eu sugiro, quando tiver tempo, pegar todo esse conto e reinventar.
Bora esquecer o poder divino e fazer as coisas simplesmente acontecerem.

Obrigada, pelo insight mais FODA que eu tive nesse mês hahhahahahah
Bíblia é um livro de Realismo Mágico.
Obrigada MESMO por mostrar isso.


Parabéns pelo conto.

E aguardo ansiosamente por você no mês que vem Smile
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Ademar Ribeiro

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MensagemAssunto: Re: O Ermitão de Chapéu   O Ermitão de Chapéu Icon_minitimeDom Out 19, 2014 5:50 pm

Tammy Marinho escreveu:
Bora lá...

Tema: Música.... e bem evidente que  música é
Subgenêro: *música de suspense* hahahhaha nha longevidade nesses níveis é até pecado questionar, embora o subgenêro seja quase subjetivo de tão sútil e pudesse ser mais ricamente explorado.

Sabe lendo teu conto, eu tive um insight na parte de Moisés.... seja cético, arranca Deus e seus milagres daí, mas mantém a passagem, podíamos ter Realismo Mágico.

Na verdade podia ter explorado grande parte das passagens biblícas com o Realismo Mágico.
Do dilúvio de Noé a Sodoma e Gomorra.

Hahahahaha to até animada com esse insight.

Eu sugiro, quando tiver tempo, pegar todo esse conto e reinventar.
Bora esquecer o poder divino e fazer as coisas simplesmente acontecerem.

Obrigada, pelo insight mais FODA que eu tive nesse mês hahhahahahah
Bíblia é um livro de Realismo Mágico.
Obrigada MESMO por mostrar isso.


Parabéns pelo conto.

E aguardo ansiosamente por você no mês que vem Smile
Own. Obrigado. Tammy, pensei nesta hipotese, juro pra você, mas não tive coragem, não me atrevi a fazer. Agora encorajado, quem sabe eu não o faça. Obrigado pelo comentário.

Valeu mesmo.
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Indy J

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MensagemAssunto: Re: O Ermitão de Chapéu   O Ermitão de Chapéu Icon_minitimeSeg Out 20, 2014 9:15 am

Tô na mesma vibe que a Tammy! Ainda acho que o desenvolvimento geral da sua narrativa tá meio arrastado, mas melhorando EXPONENCIALMENTE a cada conto, de verdade. Continue se reinventando!
E a pegada cristã ficou mágica demais, milagrosa, sabe? Penso que faltou pé no chão, faltou referência à realidade...
Mas, se Ademiro continuar melhorando assim (em questão de ortografia e construção de personagens e cenários críveis), vemos um belíssimo futuro para Ademiro!
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MensagemAssunto: Re: O Ermitão de Chapéu   O Ermitão de Chapéu Icon_minitimeSeg Out 20, 2014 10:12 am

Indy J escreveu:
Tô na mesma vibe que a Tammy! Ainda acho que o desenvolvimento geral da sua narrativa tá meio arrastado,  mas melhorando EXPONENCIALMENTE a cada conto,  de  verdade.  Continue se reinventando!
E a pegada cristã ficou mágica demais, milagrosa, sabe? Penso que faltou pé no chão,  faltou referência à realidade...
Mas, se Ademiro continuar melhorando assim (em questão de ortografia e construção de personagens e cenários críveis), vemos um belíssimo futuro para Ademiro!
Valeu Gustavo. É realmente complicado manter o nivel neste subgênero. Quem foi que o inventou e votou nele heim??? O mínimo é que cada um que votou deveria contribuir com um texto e comentar os demais, só acho rsrs... Por outro lado, tu enxergaste uma pequena evolução em minha escrita. Isso me anima, a intenção é essa. Obrigado até a próxima.
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Tammy Marinho

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MensagemAssunto: Re: O Ermitão de Chapéu   O Ermitão de Chapéu Icon_minitimeSeg Out 20, 2014 11:14 pm

Ademar Ribeiro escreveu:
Indy J escreveu:
Tô na mesma vibe que a Tammy! Ainda acho que o desenvolvimento geral da sua narrativa tá meio arrastado,  mas melhorando EXPONENCIALMENTE a cada conto,  de  verdade.  Continue se reinventando!
E a pegada cristã ficou mágica demais, milagrosa, sabe? Penso que faltou pé no chão,  faltou referência à realidade...
Mas, se Ademiro continuar melhorando assim (em questão de ortografia e construção de personagens e cenários críveis), vemos um belíssimo futuro para Ademiro!
Valeu Gustavo. É realmente complicado manter o nivel neste subgênero. Quem foi que o inventou e votou nele heim??? O mínimo é que cada um que votou deveria contribuir com um texto e comentar os demais, só acho rsrs... Por outro lado, tu enxergaste uma pequena evolução em minha escrita. Isso me anima, a intenção é essa. Obrigado até a próxima.

Eu que inventei de por saporra na enquete... hahaha
To contribuindo e de olho nesses comentários aí Wink
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MensagemAssunto: Re: O Ermitão de Chapéu   O Ermitão de Chapéu Icon_minitimeSeg Out 20, 2014 11:20 pm

Tammy Marinho escreveu:
Ademar Ribeiro escreveu:
Indy J escreveu:
Tô na mesma vibe que a Tammy! Ainda acho que o desenvolvimento geral da sua narrativa tá meio arrastado,  mas melhorando EXPONENCIALMENTE a cada conto,  de  verdade.  Continue se reinventando!
E a pegada cristã ficou mágica demais, milagrosa, sabe? Penso que faltou pé no chão,  faltou referência à realidade...
Mas, se Ademiro continuar melhorando assim (em questão de ortografia e construção de personagens e cenários críveis), vemos um belíssimo futuro para Ademiro!
Valeu Gustavo. É realmente complicado manter o nivel neste subgênero. Quem foi que o inventou e votou nele heim??? O mínimo é que cada um que votou deveria contribuir com um texto e comentar os demais, só acho rsrs... Por outro lado, tu enxergaste uma pequena evolução em minha escrita. Isso me anima, a intenção é essa. Obrigado até a próxima.

Eu que inventei de por saporra na enquete... hahaha
To contribuindo e de olho nesses comentários aí Wink
Foi só pra te encher mesmo.


Última edição por Ademar Ribeiro em Ter Out 28, 2014 2:49 pm, editado 1 vez(es)
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Weslley Reis

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MensagemAssunto: Re: O Ermitão de Chapéu   O Ermitão de Chapéu Icon_minitimeTer Out 21, 2014 12:16 pm

Vou fazer eco nos comentários anteriores. Primeiro que a sua escrita vem evoluindo muito e deixando de ser mecânica pra se tornar mais orgânica, isso faz com que a leitura seja mais fluída e agradável e o texto não demonstre extensão. É um belo trunfo.
Em relação a trama, a recorrência de relatos me incomodou um pouco porque eu esperava um acontecimento no tempo que ele estava de fato, mas quando eu vi a música, tudo fez sentido. Em relação ao tema, TIRA DEUS DESSE NEGÓCIO (RS). As suas descrições dos fatos casam muito bem com a ideia do realismo mágico, mas falar dessa entidade superior foi seu pecado. Se você reescrevê-lo excluindo esses pontos, vai acertar em cheio.

De todo modo é um ótimo conto, mesmo, você está de parabéns.
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Ademar Ribeiro

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MensagemAssunto: Re: O Ermitão de Chapéu   O Ermitão de Chapéu Icon_minitimeTer Out 21, 2014 12:47 pm

Weslley Reis escreveu:
Vou fazer eco nos comentários anteriores. Primeiro que a sua escrita vem evoluindo muito e deixando de ser mecânica pra se tornar mais orgânica, isso faz com que a leitura seja mais fluída e agradável e o texto não demonstre extensão. É um belo trunfo.
Em relação a trama, a recorrência de relatos me incomodou um pouco porque eu esperava um acontecimento no tempo que ele estava de fato, mas quando eu vi a música, tudo fez sentido. Em relação ao tema, TIRA DEUS DESSE NEGÓCIO (RS). As suas descrições dos fatos casam muito bem com a ideia do realismo mágico, mas falar dessa entidade superior foi seu pecado. Se você reescrevê-lo excluindo esses pontos, vai acertar em cheio.

De todo modo é um ótimo conto, mesmo, você está de parabéns.
Obrigado Wesley. Se eu estou melhorando é sinal que o grupos está funcionando, não estamos aqui a toa como já pensei em algumas oportunidades. Valeu. Até Novembro.
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Heloá Magalhães




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MensagemAssunto: Re: O Ermitão de Chapéu   O Ermitão de Chapéu Icon_minitimeQua Out 22, 2014 1:53 pm

Utilizar vocábulos inspirados no mestre Raul Seixas, já é por si só belíssimo, o seu texto fluiu muito bem (realmente).
Veja, como acima mencionaram, não sei se tem percebido, mas a cada novo conto existe um quê a mais de melodia, e essa melódia é necessária para equilibrar a poesia, pois sem ela o texto fica cansativo, recortado, chato.
No presente texto, não existe quase nenhuma passagem que eu possa dizer que está maçante, exceto um: a primeira história.
Digo que pode melhorar mais, talvez inserir mais ambientação para não ficar tudo muito arrastado, os cenários são incríveis, mas sinto falta de um gancho mais forte, que segure o leitor até o final, que o faça querer continuar sem pausas.
E a sua conclusão... Elegante, sutil, realmente incrível.
Seu conto tem diversas interpretações, quando eu tiver um tempo maior (realmente está difícil, peço desculpas), escrevo sobre elas.
Esse comentário é apenas uma síntese, terá outro.
Desde já, parabéns!
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MensagemAssunto: Re: O Ermitão de Chapéu   O Ermitão de Chapéu Icon_minitimeQua Out 22, 2014 5:27 pm

Heloá Magalhães escreveu:
Utilizar vocábulos inspirados no mestre Raul Seixas, já é por si só belíssimo, o seu texto fluiu muito bem (realmente).
Veja, como acima mencionaram, não sei se tem percebido, mas a cada novo conto existe um quê a mais de melodia, e essa melódia é necessária para equilibrar a poesia, pois sem ela o texto fica cansativo, recortado, chato.
No presente texto, não existe quase nenhuma passagem que eu possa dizer que está maçante, exceto um: a primeira história.
Digo que pode melhorar mais, talvez inserir mais ambientação para não ficar tudo muito arrastado, os cenários são incríveis, mas sinto falta de um gancho mais forte, que segure o leitor até o final, que o faça querer continuar sem pausas.
E a sua conclusão... Elegante, sutil, realmente incrível.
Seu conto tem diversas interpretações, quando eu tiver um tempo maior (realmente está difícil, peço desculpas), escrevo sobre elas.
Esse comentário é apenas uma síntese, terá outro.
Desde já, parabéns!
Own... Obrigado pelas palavras. Como fã do Maluco Beleza não poderia deixar de cita-lo. Quanto aos elogios, só posso agradecer, não imaginei que os receberia de tantos. Mais uma vez frisarei - o grupo funciona. A primeira cena foi realmente limitada, posso melhorar isso também.

Aguardarei suas interpretações, que aliás ninguém ainda abordou nenhuma delas, provavelmente não estão claras para o leitor. Mas existe N interpretações e ideias que eu coloquei entre uma música e outra.

Obrigado mais uma vez! Espero que escreva o mais rápido possível.
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zizgz




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MensagemAssunto: Re: O Ermitão de Chapéu   O Ermitão de Chapéu Icon_minitimeSáb Out 25, 2014 2:14 pm

O seu texto está cheio de referências e é muito rico. Este "eu" que relata (canta?) é estranho neste contexto, mas o contraste cativa. Parabéns!
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Vinícius Tadeu




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MensagemAssunto: Re: O Ermitão de Chapéu   O Ermitão de Chapéu Icon_minitimeSeg Out 27, 2014 9:13 am

Ademar, ficou ótimo. Um retrato da música em forma de conto. Parabéns pela arte criativa. Sucesso!
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Ademar Ribeiro

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MensagemAssunto: Re: O Ermitão de Chapéu   O Ermitão de Chapéu Icon_minitimeSeg Out 27, 2014 4:00 pm

zizgz escreveu:
O seu texto está cheio de referências e é muito rico. Este "eu" que relata (canta?) é estranho neste contexto, mas o contraste cativa. Parabéns!
Pois é amigo, ele canta, não em forma de canção, mas em pensamentos transmitidos aos ouvintes. Seria uma loucura criar uma música para cada passagem destas não é? Obrigado e até a próxima!
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MensagemAssunto: Re: O Ermitão de Chapéu   O Ermitão de Chapéu Icon_minitimeSeg Out 27, 2014 4:02 pm

Vinícius Tadeu escreveu:
Ademar, ficou ótimo. Um retrato da música em forma de conto. Parabéns pela arte criativa. Sucesso!
Tentei seguir ao máximo o enredo músical. Mas... pretendo refazer alguns trechos já observado por Tammy e Heloá, para melhorar aqui e enfatizar o subgênero ali. O produto final publicarei aqui. Obrigado. Até a próxima.
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MensagemAssunto: Re: O Ermitão de Chapéu   O Ermitão de Chapéu Icon_minitimeQua Out 29, 2014 7:56 am

Passando por aqui só pra fazer eco com a Heloá,novidade "espantosa",referências a Raul são ótimas,não achei o texto arrastado como disseram,o ritmo da narrativa está bem de acordo com a proposta do texto na minha opinião.Ótimo texto continue assim.
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Ademar Ribeiro

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MensagemAssunto: Re: O Ermitão de Chapéu   O Ermitão de Chapéu Icon_minitimeQui Out 30, 2014 5:44 pm

Obrigado Adriano. Palavras feito a sua são de grande importância.
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MensagemAssunto: Re: O Ermitão de Chapéu   O Ermitão de Chapéu Icon_minitime

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