A Noite de Núpcias

O click do sutiã surgiu como uma sinfonia angelical que o varão não ouvia há exatos 6 meses. Loucura de sua agora esposa, que o obrigou a ficar todo esse tempo sem a conhecer intimamente. Para ela, esse tempo foi como uma preparação para o grande dia. Para ele, foi uma tortura esperar até a grande noite.
Sentiam-se como se fosse a primeira vez de ambos. Ele, desajeitado na retirada da armadura de ferro que segurava os seios fartos de sua amada. Ela, mesmo no escuro, sentia-se envergonhada por mostrar seu corpo nú para seu então esposo, e sua face ruborizava. Era um comportamento irracional de ambos, afinal, ja conheciam o perímetro dos corpos juntos um do outro.
O marido agora lançava o sutiã branco rendado da mulher, e começava a apalpar os seios na escuridão. Faziam isso como numa dança em que os movimentos não lhe eram desconhecidos, mas estavam adormecidos dentro deles. Era como o andar de bicicleta, em que nunca esqueceriam como fazê-lo.
Enquanto isso, ela se curvou em sua direção com o próposito de tirar-lhe as vestes que restavam. A camisa, que no nervosismo de fazer algo errado nesta noite, ela teve dificuldade de desabotoá-la, preferindo então abrí-la de todo num so puxão, fazendo botões voarem pelo chão do quarto. Ele sorriu travesso quando ela o empurrou com selvageria na cama redonda do aposento, fazendo suas molas rangerem.
A calça do homem assitia assustada do lado da cama ao movimento ondular das vértebras da coluna da mulher, que se deslocavam ao peito do outro. Beijava-lhe do umbigo em direção  aos ombros, enquanto que o amado olhava ansioso e lhe agarrava os cabelos longos de uma maneira que fazia arrepio na medula espinhal de ambos.
Pouco tempo depois ele já se encontrava encima do corpo dela após rolarem na cama. Ele agora a beijava forte na boca ao mesmo tempo que suas mãos encontravam-se apalpando os peitos. Ela correspondia o beijo com sua língua enquanto segurava com força os cabelos curtos do jeito que ela sabia que era do agrado de seu então esposo, que passou a respirar mais rápido como reflexo.
Seus lábios traçaram um caminho da boca da amada, passando pelo pescoço e chegando aos seus ouvidos, onde sussurrou um "eu te amo" que fluía como mel de suas cordas vocais. Começou a fazer o caminho inverso, que passou direto dos lábios em direção aos seios e ao umbigo da jovem, tudo numa sincronia onde as costas do casal arqueavam como as de um felino.
Abruptamente, os dois corpos rodopiaram novamente, e a fêmea retornou à sua posição de ataque montada em seu macho, pronta para o bote final.

É pequenininho, mas espero que vocês gostem =D

Alô, doutora

Bem, eu achei que este conto fez jus ao tema "Erótico" mas não ao gênero "conto". Me parece uma cena mínima de um livro mais complexo do que uma história avulsa - que é o que devem ser os contos, itens narrativos independentes em enredo (não necessariamente em personagens, muito menos cenários).
Portanto, faltou construção de personagens e cenário - porque, por exemplo, mesmo que o gênero seja romance, precisamos construir os personagens que se entrelaçarão na história, muito além do momento em que se apaixonam/terminam/casam etc. - e aprofundamento no geral.

Gostei do texto e do ritmo, é curto, mas não acredito que isso descaracterize-o como um conto [já vi menores por ai]. É isso! até Outubro!

Olá Nathalia... Embora eu acredite que a curta duração de vosso texto não o descaracterize como conto, eu senti falta de algo que me entrelaçasse as personagens e fico com a impressão de um enredo incompleto
Mas a parabenizo pela descrição bem construída do ato em sí... um erotismo sutil. Beirando o romantismo, mas ainda erotismo.

Eu adorei o conto, Nathalya! Você conseguiu escrever um conto com um erotismo tão sutil, me surpeendeu e te admiro por isso! Parabéns!

Indy J escreveu:

Alô, doutora

Bem, eu achei que este conto fez jus ao tema "Erótico" mas não ao gênero "conto". Me parece uma cena mínima de um livro mais complexo do que uma história avulsa - que é o que devem ser os contos, itens narrativos independentes em enredo (não necessariamente em personagens, muito menos cenários).
Portanto, faltou construção de personagens e cenário - porque, por exemplo, mesmo que o gênero seja romance, precisamos construir os personagens que se entrelaçarão na história, muito além do momento em que se apaixonam/terminam/casam etc. - e aprofundamento no geral.

Nathálya

Eu e Indy J temos nossas diferenças, mas desta vez, concordo plenamente com o que ele escreveu, exceto sobre ser ou não um conto. Minicontos e/ou microcontos são conhecidos, mas realmente parece que você extraiu algo de algum livro, pois falta mesmo a construção do cenário e dos personagens (não a estou acusando de plágio!).
Sim, eu li que ambos já se conheciam, e que ela o obrigou a ficar seis meses sem contato sexual. Entendi que seria uma "preparação", mas não vi grandes motivos para isso... poderia ter explorado mais, pois forçaria uma construção de personagens e cenários, um detalhamento do passado. Afinal, um porquê para seis meses de abstenção.
Pareceu-me que as informações ficaram um pouco soltas, sem uma âncora de plausibilidade. Por outro lado, a sutileza do erotismo foi muito boa, boa mesmo!

Rogério Silva

O texto me mostrou dois evangélicos encubados, que já haviam cometido o pecado da fortificação e casaram-se no objetivo de cessar o pecado, felizmente houve um eu te amo no ato que demonstrou que havia amor entre eles (não estou convencida disto).

É isso até mais!

Bom gente, achei que o gênero era erótico, e não romance! A falta de sentimentalismo era pra mostrar como o desespero da abstinência (nesse caso criticada pelo homem) tornou o ato mecânico e um pouco fútil! A relação sexual foi apenas carnal! Abraços

Oi Nath!

Seu conto é doce e lindo e romântico e fofo! É um casal apaixonado, finalmente casados!

Discordo do povo que disse que é um fragmento de livro, ele é curto e te dá apenas o essencial, deixando o leitor livre pra cobrir as lacunas como bem entender, e isso é uma coisa que me agrada bastante.

Só achei que poderia ser mais quente essa cena, pra um casal seis meses na seca, não creio que teriam tempo pra doçuras.

É isso, bj!

Obrigada Patricia, eu quis parar no climax pra quebrar expectativas e povo imaginar, e eles queriam a experiencia completa, com preliminares e tal xDDDDD

Mesmo você dizendo que foi uma coisa fútil, achei alguns pontos de doçura e romantismo, porque no começo pra ele foi uma "tortura" finaliza com a alegria de possuir o que ele queria com o 'eu te amo', que pra mim não pareceu falso como alguém disse.
Você começa com algo celestial e tímido "Sentiam-se como se fosse a primeira vez de ambos." e termina com bote final que me lembra muito a história da serpente do éden. Gostei disso.
Mesmo que esse celibato tenha sido algo forçado, aumentou o desespero de ambos e os movimento mecânicos que você disse, me pareceu que foram aqueles de 'andar de bicicleta'.
Acho que a sua sutileza dá uma leveza que combina super bem. Parabéns.