Odisseia do Escritor
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Letícia Azevedo

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MensagemAssunto: No Carpete   No Carpete Icon_minitimeQui Set 04, 2014 7:32 pm

As vidraças refletiam a luz da manhã suavemente sobre o piso de mármore iluminando seu rosto calmo. A parede imaculadamente branca não transparecia toda a cena que eu estava prestes a realizar, aliás, como poderiam? Anne se deitava sob o carpete verde-escuro, um sorriso débil em sua expressão cansada. Olhava para mim com calma. Sente-se, Jack, ela parecia dizer, sente-se aqui perto.
— O que foi, querida? — perguntei enquanto me sentava perto da mancha no carpete.
— Você é lindo — ela sussurra.
Os olhos dela transpareciam tanta coisa que as perdi. E, quando eu fui responder, seu rosto apagou-se num misto estranho na sua expressão. Não consegui dizer o que era.
— Anne?
Seu rosto pendia em meu colo enquanto o resto de seu corpo relaxava visivelmente. Me aproximei pra beijar seus lábios ainda quentes.
— Anne, querida. Vou buscar as rosas.
Rosas brancas eram suas preferidas. O jardim que se encontrava atrás da porta da cozinha era cheio delas, plantadas por Anne em algum ponto que não me lembro. Colhi duas e voltei até Anne, que parecia não ter mudado de posição. A mancha em seu lado aumentava.
— Sabe, Anne, eu devia tê-la proibido de plantar essas rosas. Você sempre deu mais atenção a elas do que a mim — brinquei enquanto me sentava perto dela novamente.
(Anne plantando rosas no jardim. Anne indo embora).
— É, sim, eu deveria ter feito isso.
Mergulhei a rosa sob a mancha e ela se tornou vermelha no ato. O cheiro de Anne estava em todo lugar agora. Coloquei a rosa em sua boca, manchando-a também. Ela estava linda e sorria para mim de novo.
Vamos fazer amor, Jack.
Eu já estava ereto. Sua voz, tão clara e calma, me induzia a beijá-la, a percorrer seu corpo com minhas mãos. Subi em cima dela e rasguei-lhe a blusa de seda. Anne se entregava completamente a mim, sem reclamações ou objeções. Ela ainda sorria.
(Anne me dizendo que não. Anne indo embora).
Coloquei a rosa limpa sob seus seios. Sua mão agarrou fracamente meu rosto, acariciando. As unhas fracas e quebradas me arranharam um pouco, mas eu sorri.
— Sorria para mim, Anne.
Ela sorri e a rosa cai de seus lábios para o chão. Minha mão encosta a mancha no carpete, algo muito quente está impregnado nela agora. Arranco as calças de Anne e percorro sua vagina com as mãos quentes e úmidas. Sua expressão se alarga, um gemido preso na garganta.
Tiro minhas calças lentamente. Ela me observa sem se mexer, quase consigo ver a ansiedade por trás de seus olhos. O que ela estaria pensando?
Entro nela suavemente. Anne grita, e seu rosto é tão cheio de amor que me obrigo a ir com mais força, cada vez mais o grito de Anne me hipnotiza e me excita.
(Anne me empurrando contra a parede. Anne indo embora).
De onde estava vindo isso? O que era aquilo?
Mais forte, Jack, não pare.
Me concentro em Anne agora. Seguro seus seios duros e ela não se mexe.
Oh, agora, oh, vamos.
Anne grita mais uma vez. Saio de cima dela e começo a percorrer seu corpo com minha língua. Ela geme baixinho e me encoraja a descer até o espaço quente no meio de suas pernas.
(Saia, Jack. Saia, saia, saia, por favor, por favor, Jack, saia).
Me afasto de Anne abruptamente.
(Anne em uma sorveteria conversando com um cara. Anne rindo de alguma coisa com ele. Anne rindo de mim).
O quê? Pare com isso. Pare, por favor, Anne.
(Anne gritando comigo. Anne com o perfume de outro homem. Anne indo embora. Anne me chamando de louco).
Anne...
(Não, Jack. Jack, me escute. Não é isso. Jack, eu não amo mais você. Jack, eu vou casar com outra pessoa. Jack)
Não. A Anne estava no meu chão, me olhando curiosa, pedindo para fodê-la.
O que foi, Jack? Não me quer mais?
(Anne deitada no meu chão. Não como está agora. Morta. Morta. A mancha no carpete é sangue. A mancha do lado de Anne agora é... vinho?)
— ANNE! — eu grito.
(Anne se foi. Anne não está sorrindo. Anne está com muito mais rosas pelo corpo).
Jack?
(Jack?)
Anne em meu carpete dá seu último suspiro. A mancha no carpete é sangue. Mas há algo diferente em seu rosto.
Esta não é Anne. Mas eu lembro como a conheci.
Anne estava numa cafeteria. Não era Anne, mas era parecida. Sorriu pra mim. Dois meses depois, está morta no meu carpete.
Outra Anne em uma praça. Dois meses depois está morta no meu carpete. Depois, enterrada no jardim, junto com as rosas.
Já se foram muitas Anne’s antes da verdadeira partir.
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Tammy Marinho

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MensagemAssunto: Re: No Carpete   No Carpete Icon_minitimeSex Set 05, 2014 8:55 am

Me deixou sem palavras.
Toda poesia. Toda ruptura de consciência da personagem narradora.
Me apaixonei por esse texto.

Letícia...
Faça-me o favor de nos permitir contemplar seu trabalho mais vezes

PS. Enfatizando que to apaixonada pelo texto. I love you
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Adriano Griot

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MensagemAssunto: Re: No Carpete   No Carpete Icon_minitimeSex Set 05, 2014 9:05 am

Um delírio erótico-homicida lindamente narrado,parabéns.
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Indy J

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MensagemAssunto: Re: No Carpete   No Carpete Icon_minitimeTer Set 09, 2014 7:28 am

Oi, bom dia.
Veja: essa história me envolveu e deu um tanto quanto UOU no final, com a revelação, sabe? Mas, enquanto você conseguiu narrar a motivação e os feitos de Jack em poucas linha, não me senti lendo personagens. Me senti lendo entidades, como se suas características estivessem subentendidas e não precisassem ser explicadas... e isso não é bom! Além, achei meio falha essa visão meio filme da Emanuelle sobre o sexo. Enquanto o final traz um tom sombrio e surpreendente, a cena do ato em si é um tanto romantizada/sublime demais, entende? Não vi a SUA visão, uma personalidade NAQUELA transa que me fizesse pensar "certamente lerei algo deste tipo e saberei que foi a Letícia quem escreveu".

Novamente, curti a construção e o arrebatamento final.
Wink mês que vem tem maisbr
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MensagemAssunto: Re: No Carpete   No Carpete Icon_minitimeTer Set 09, 2014 8:14 am

Gosto da forma como você introduz as vozes das personagens. As vozes que ele ouve e que nos permitem reconstituir a história. Acho que o texto podia ser mais ambíguo, e não ser claro quanto à morte dela, isto é, mesmo permitindo perceber que ela está morta, não o dizer abertamente, como quando você diz "Morta. Morta. A mancha no carpete é sangue." e "Dois meses depois, está morta no meu carpete." - eu retirava isso.
Parabéns!
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MensagemAssunto: Re: No Carpete   No Carpete Icon_minitimeQua Set 10, 2014 7:55 am

Letícia

Achei seu texto ÓTIMO! Talvez eu tivesse feito diferente as inserções das memórias (que vieram, para mim, em flashes, como num filme), mas achei muito bom mesmo!
E a cena de amor foi excelente, afinal, o subgênero é erotismo, não pornografia.
Gostei muito, parabéns!

Rogério Silva
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MensagemAssunto: Re: No Carpete   No Carpete Icon_minitimeQua Set 10, 2014 6:56 pm

Letícia, parabéns pela construção. Adorei o enredo, curto demais este tipo de revelação, nos últimos minutos do segundo tempo. Até então não se percebia qual tema seria utilizado. Mas sua maestria de como conduzir o texto foi perfeita, tornando o texto harmonioso, limpo e um tanto singelo. Está tanto dentro do tema como no subgênero, uma grande adversária na enquete do melhor autor. Parabéns.

Não é só de louros que vivem os escritores da Odisseia. Precisamos de sua participação nos outros textos, vamos la, vamos ler os amigos e comenta-los. Até Outubro.
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MensagemAssunto: Re: No Carpete   No Carpete Icon_minitimeSex Set 12, 2014 8:35 pm

Ademar Ribeiro escreveu:
Não é só de louros que vivem os escritores da Odisseia. Precisamos de sua participação nos outros textos, vamos la, vamos ler os amigos e comenta-los. Até Outubro.

RT @Ademiro
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MensagemAssunto: Re: No Carpete   No Carpete Icon_minitimeSex Set 12, 2014 9:20 pm

Genial! Prende o leitor com uma narrativa intensa e focada. Nos faz suspeitar, imaginar e aguardar ansiosamente. E então vem o desfecho, como um soco no estômago, inesperado. Muito bom. Parabéns.
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MensagemAssunto: Re: No Carpete   No Carpete Icon_minitimeSeg Set 15, 2014 6:21 pm

Textos que transmitem loucura de forma tão intensa sempre me atraem, e essa é a maior qualidade do seu conto. Mas como o Gustavo já disse, tudo está meio solto, meio sem rosto e isso me incomoda. Faltou certo desenvolvimento dos personagens, mas talvez seja questão de gosto. Parabéns.
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MensagemAssunto: Re: No Carpete   No Carpete Icon_minitimeSeg Set 15, 2014 11:31 pm

Achei perfeito, não mudaria nada. Parabéns!
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Vinícius Tadeu




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MensagemAssunto: Re: No Carpete   No Carpete Icon_minitimeTer Set 16, 2014 9:56 am

Ótimo!
Letícia, embora eu tenha colocado restrições pessoais ao uso do parênteses em outro comentário, no seu caso não ficou pesado; atende ao objetivo.
Parabéns e sucesso!
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MensagemAssunto: Re: No Carpete   No Carpete Icon_minitimeTer Set 23, 2014 5:07 pm

Adorei, adorei, adorei!

Este conto é de uma sutileza de uma melancolia surpreendente! Eu consigo ver, e sentir pena do teu protagonista dodói, pq ele sofre a perda da sua Anna, matando cópias pálidas dela, numa vã tentativa de tê-la de novo!

Parabéns!
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MensagemAssunto: Re: No Carpete   No Carpete Icon_minitimeTer Set 30, 2014 10:17 pm

Oi, eu me senti um pouco confusa no começo da narrativa, eu desconfiei da macha ser sangue desde o primeiro momento, quando aparece a primeira frase entre parenteses eu pensei ue? Q isso? É li de novo... não entendi mas no decorrer da história tudo ficou mto claro! A forma como escreveu deixou seu texto mto original... conseguiu construir uma história de maneira bem sucinta. gostei mto parabéns
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MensagemAssunto: Re: No Carpete   No Carpete Icon_minitime

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