O mundo esquerdo, e o mundo direito

“Mesdames e Messieurs,
Vejam bem!
Existe uma porta entre estes dois mundos, o direito e o esquerdo. Como podem ver, esta caixa está dividida em dois espaços. Ambos os lados estão vazios e só lá cabe um homem ou uma mulher dobrado sobre si mesmo, ou uma criança. Os dois compartimentos estão separados por uma porta. De um lado roda-se a maçaneta para a direita e a porta abre, do outro lado roda-se para a esquerda. Por isso lhes chamamos o mundo direito e o mundo esquerdo.”

O mágico rodou a caixa, que tinha rodas em baixo. Era de vidro. Tinha de facto dois compartimentos que estavam separados por uma porta. Era uma caixa paralelepipédica dividida em duas mais pequenas, toda de vidro, e só lá cabia uma pessoa adulta dobrada, ou uma criança. Para lá entrar alguém, tinha uma tampa, que abria para cima. O mágico chamou duas crianças que apareceram no palco. A caixa rodava rapidamente na arena, sobre as rodas. Todos se espantaram porque as crianças não tinham braços. O homem acrescentou:

“Vejam bem, senhoras e senhores, vamos abrir a caixa e colocar as crianças nos compartimentos. Entrem!”

As crianças entraram na caixa, cada uma em um compartimento – o direito e o esquerdo.

“Reparem, Mesdames, Messieurs, que com as crianças lá dentro a porta, entre os “dois mundos”, não abre.”

As crianças estavam nas duas pequenas caixas da caixa maior. O mágico fechou a tampa.

“Agora, a magia!”

O homem colocou um pano por cima da caixa e começou a rodá-la rapidamente no meio da arena. Ao fim de um minuto parou a caixa. Os tambores soavam ritmadas e aumentavam o suspense. De repente, um silêncio, e o homem tirou o pano. As crianças tinham desaparecido. Ouviram-se palmas.

“Mesdames e Messieurs! As crianças saíram pela porta para lá do mundo esquerdo e direito. Vamos ver se voltam.”

O mágico colocou o pano sobre metade da caixa maior, ficando só um compartimento tapado. Rodou a caixa novamente. Os tambores voltaram a soar. Novamente silêncio. Agora o mágico abriu a porta entre os compartimentos, e uma das crianças saiu de lá.
Palmas.
Repetiu a cena. E a outra criança voltou a sair de um dos compartimentos.
Palmas.

As caixas tinham também uns pequenos buracos na tampa.

“Agora o último número, Senhoras e Senhores.
As crianças vão voltar a entrar nas duas pequenas caixas e com estas espadas irei atravessar a caixa. Vamos ver se sobrevivem.”

Voltou a tapar a caixa com o pano. Rodou-a novamente várias vezes. Enfiou as espadas prateadas pelos buracos, furando o pano. Ouviram-se gritos na plateia. O mágico sorriu. Retirou novamente as espadas. Ouviram-se os tambores, enquanto a caixa rodava. Suspense. O homem retirou o pano. Silêncio absoluto. De repente, gritos: “Assassino, Horror, Ele matou-as. Não pode ser!” E mais gritos se sucederam.


O horror de todos era absoluto e o próprio mágico olhava muito sério: As crianças, as crianças sem braços, estavam mortas na caixa, cheia de sangue.
Desta vez, o número tinha corrido mal. Muito mal.

Enquanto todos gritavam, horrorizados, o mágico tapou a caixa com o pano. Rodou-a, e retirou muito rapidamente o pano e abriu a tampa. As crianças saíram da caixa, saltitantes e sorridentes. Gritos na plateia. “Incrível, nunca se viu uma coisa assim!” Senhoras desmaiavam, crianças fechavam e abriam os olhos, incrédulas. As duas crianças no palco, sorrindo, estavam ainda cobertas do corante vermelho. O mágico sorria, as crianças também, e saíram da arena ao som de aplausos e gritos estridentes. “Fantástico! Maravilhoso! Incrível!”

O dia estava ganho.

Ziz (posso te chamar assim? EUIAEIUHIUAE), eu gostei da formatação do seu texto e maneira como você organiza as falas, o uso do discurso indireto livre etc. Mas, no que diz respeito ao enredo do texto, senti falta do subgênero Suspense, não consegui abstrair aquela aflição típica do subgênero. Além disso, acho que o seu texto poderia ser melhor encorpado, visto que o mágico é o centro do conto e não mostra nenhuma esfericidade. Resumo da ópera, eu acho que seu texto está bem estruturado, só falta encaixar coisas aqui e ali para deixá-lo completo.

obrigado, Ademar. Sim, talvez falte um pouco de suspense, apesar da cena relatada o ter. Até à próxima!

Agora fiquei confuso. Você é Caio? Ou é o Ademar?
E sim, pode-me chamar ziz

Eita. Eu sou o Caio, por que seria o Ademar? O_o

Olá Caio. Fiz confusão. A fotografia confundiu-me. Abraço