Mais do que posso suportar

Spoiler:

...

Serei a última testemunha do fim do mundo, nos últimos segundos de vida que me restam.

A felicidade escapou pelos meus dedos, no fim, não fomos feitos para sermos felizes.

Parei de me arrastar. Parei de respirar. As lágrimas escorrem fartas no meu rosto, o meu sangue enxarca o chão, mas já não importa. Encaro-a empalada por  destroços.Sua pele pálida contrastando com o vermelho vivo do filete que escorria de seus lábios. Suas asas, um dia as mais belas e exuberantes já vistas, agora caídas, tortas, manchadas. Seu cabelo longo dourado, pendendo ao chão. Por que você não acorda? Por que não vem me salvar? Eu preciso ser salvo, tudo o que eu quero é estar ao seu lado. Eu sei que não consigo viver sem você.

Encontrei.

Meus olhos finalmente conseguem focar.Vejo anjos de todos os tipos, caídos. Casas, lares e vidas destruídas. Aquele era meu sofá. Eu a procuro em intenso desespero. Será que há mais sobreviventes? Será que o mundo já está extinto? Isso é revoltante. Será tudo isso por que anjos não podem amar? Todo o sofrimento por que anjos deveriam ter sido seres sem paixão? É isso que chamavam de Paraíso? Um lugar sem amor? Um lugar onde quem ama é abolido? Condenado? Eles arrancavam as asas dos amantes, os chamavam de "humanos",os contenavam à uma eterna busca ao amado... Bom, Pelo menos isso também acabou. Mas nada disso é relevante agora, só preciso achá-la.

Finalmente acordei. Um ruído de apito predomina nos meus ouvidos. O resto, silêncio. Estou completamente tonto. Não sei o que não dói. Tudo aconteceu tão rápido... Minhas asas estão pesadas, sinto uma dor insuportável.Me levantei, mas minha visão apenas encherga vultos.Tomei coragem de analisar o meu estado. Algumas costelas quebradas, muitos ralados, e ambas as asas arrancadas quase por completo, daí a dor. Vejo minhas penas molhadas de sangue, tingidas de vinho tinto. Fui recobrando a consciência aos poucos. Derrepente algo me veio a mente como um susto: Ângela.

Derrepente o céu está caindo. Eu estou caindo. Tudo está caindo. Vejo as coisas acontecerem em câmera lenta. Tento mantê-la em meus braços, mas agora suas mãos já não alcansavam as minhas. Meu sofá passou por mim em pedaços. Minha casa, meu  bairro, meu mundo está gradativamente se tornando destroços. A guerra mal havia começado, e já acabara, e da pior forma possível. E eu a perdi por amá-la mais do que nunca.

- Eu te amo. - Disse a ela no pé do ouvido.

Abracei-a com todas as minhas forças.

BUM.

Oi Maira. Muito bem vinda.

Primeiramente devemos citar tema x subgênero. Tema entrou perfeito, sem sombra de dúvidas. Já no subgênero fiquei em dúvida e prefiro não arriscar. Aguardarei as próximas críticas.

Seu texto é de uma poesia, uma sutileza que muito me agradou.

Uma última revisão o deixaria brilhando. Parabéns. E até mês que vem.

Li e não comentei, pode me xingar.

Maiara, inicialmente eu fiquei confuso com o texto. Muito bem escrito, realmente, mas como li sem escutar a música, fiquei perdido. No entanto, as coisas começam a clarear e eu comecei a entender e a gostar, gostar muito. A temática anjos apaixonados por seres humanos é algo tão foda, e você ainda explica a humanidade da sua maneira (ainda não ouvi a música). Enfim, apesar de ser curtinho, o texto é bom do jeito que é.

Apesar dos errinhos ortográficos bobos, a qualidade textual não diminui. Parabéns moça

Obrigada meninos! Eu preciso ter mais tempo para revisão rs >< Adorei os comentários e as dicas!

Maiara...
Muitas pessoas irão apontar a leitura do seu conto como confusa, e eu terei de concordar com elas. Mas tenho de acentuar que essa confusão me causa uma viagem visual maravilhosa, digna de um Oscar se fosse filmográfica. Me refiro sobretudo a esse parágrafo: "

"Derrepente o céu está caindo. Eu estou caindo. Tudo está caindo. Vejo as coisas acontecerem em câmera lenta. Tento mantê-la em meus braços, mas agora suas mãos já não alcansavam as minhas. Meu sofá passou por mim em pedaços. Minha casa, meu bairro, meu mundo está gradativamente se tornando destroços. A guerra mal havia começado, e já acabara, e da pior forma possível. E eu a perdi por amá-la mais do que nunca."

E o subgênero? Eu desconsidero criaturas lendárias em Realismo Mágico.
Mas anjos é um dos poucos casos que não sei que posição tomar.
Então...

Eu fico no aguardo de mais algum entendedor hahaha

Seja Bem Vinda... E até Novembro!

Cara Maiara, o conto mostra que você tem potencial; podia ter desenvolvido mais o texto. Eu leio os contos postados aqui no fórum diariamente, como uma espécie de aquecimento antes de começar a escrever. Ao final do dia, depois de considerar encerrada minha escrita, a meta do dia, sempre escrevo algum conto, poesias ou frases; aproveitando as "sobras" de ideias. Sei que o tempo é sempre um fator limitante em qualquer atividade e com escritores não é diferente. Sucesso!

Oi Maiara!
Assim, ó: eu achei que o texto tá subjetivo demais. O que é um trunfo em vários tipos de contos, mas acho que no Realismo Mágico ele não pode ultrapassar essa barreira que você ultrapassou, deve ficar no limite das VÁRIAS interpretações, ao invés de cruzar ao campo das INFINITAS, que é como eu entendi o seu texto. Portanto, considere um elogio e uma crítica, ao mesmo tempo: sua subjetividade.
Já à presença de anjos, acho que devo pegar o conceito que a Tammy falou aqui... não sei se a questão de anjos e almas etc. já não tá tão inserida no inconsciente coletivo que não virou algo folclórico, ao invés de mitológico. Se mitológico, seu conto não atende ao subgênero. Se folclórico, atingiu de uma maneira um tanto satisfatória.
Agora, eu sinto falta de me sentir levado pelo texto, entende? Me pareceu uma sucessão muito indiferente de fatos: eu não me importei com o personagem, não me importei com o que tava acontecendo - entende mais ou menos o que quero dizer? Falta condução, no sentido de deixar o leitor ciente da intensidade das coisas que tão acontecendo, e dá-lo motivo para continuar lendo, por mais que o conto seja curto (inclusive, por ser curto, talvez devesse causar um impacto na mente do leitor ainda maior que contos longos, que têm a liberdade de ser mais homeopáticos!).