Odisseia do Escritor
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 Desolados - Episódio 1

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Ademar Ribeiro

Ademar Ribeiro


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MensagemAssunto: Desolados - Episódio 1   Desolados - Episódio 1 Icon_minitimeDom Ago 24, 2014 9:00 pm

São Paulo – SP, Brasil
01ª dia

Marcelo despertou lentamente se espreguiçando, consultou seu relógio que marcava 10:37h. De sua pele exalava um forte odor de álcool, seu hálito era acre e quente, a sensação é que sua língua não cabia mais em sua boca. Acordou numa baita ressaca, sua cabeça doía, marteladas intermitentes o castiga na fronte, como se fosse uma espada a ser forjada numa bigorna. Ele estava em um sofá de couro carmim, em um salão escuro, procurando se situar identificou que estava na conhecida casa noturna Love Story no bairro da República em São Paulo. A boate estava vazia causando uma certa estupefação ao rapaz que desorientado começou a caminhar no mezanino da boate. Seguiu para o piso inferior onde havia uma enorme estrela que decorava sua pista de dança, mas não encontrou ninguém, apenas vestígios de mais uma noite regada a muito uísque e danações.

Uma algazarra do lado externo chamou sua atenção, Marcelo confuso se orientou pelo som e se dirigiu a saída principal da casa noturna. Constatou que ambas as portas estavam trancadas, uma nesga de luz invadia o salão por baixo das portas indicando que o sol ardia naquela manhã apesar do cheiro de chuva. Ele ainda não acreditara que o esqueceram ali e fecharam a boate.

– Mas que porra é essa? Como vou sair agora?
Marcelo explorou o salão à procura de algum segurança que talvez estivesse cochilando.
– Hei, tem alguém ai?
O barulho na área externa era medonho, gritos de terror, tiros, frenagens e colisões de automóveis... Um som digno de filmagens cinematográficas.
"Como vou sair deste lugar?"
Marcelo se dirige até o palco onde havia um poste de metal no qual vadias se esfregavam sensualmente na noite anterior. Tentou puxar uma das enormes barras, mas não teve sucesso. Precisava de algo contundente para arrombar as portas.
Uma porta de ferro que trazia o recado "ÁREA RESTRITA" em seu umbral estava trancada. Marcelo a espancava com certa violência.
– Abram, abram a porta ou eu vou arrombar!

Nenhuma resposta. Então ele desferiu três pontapés que de nada adiantou, decidiu então tentar a saída de emergência. Uma porta balcão camuflada na parede abaixo do mezanino estava lacrada com duas barras de aço em horizontal e iluminada por uma luz de emergência. Dê um puxão Marcelo as destrancou e teve acesso a um corredor na lateral externa do prédio.
O sol o cegava, era quase 11h. Precisava correr para chegar em casa a tempo de se arrumar para o trabalho. Quando seus olhos se acostumaram com a claridade ele vacilou por alguns segundos.
O vislumbre era surreal. Carros batidos e atravessados na pista uns pegando fogo e outros retorcidos como plástico no fogo. Haviam pessoas ensopadas pelo chão, com suas roupas manchadas e coladas ao corpo. Estavam caídas talvez desmaiadas, outras tantas perambulando aleatoriamente com um olhar perdido, vazio e com a pele emperebada, como se fosse ferida de catapora recém coçada. O chão encharcado e com poças de águas aqui e ali evidenciava uma chuva durante a madrugada. Num todo, girando em 360°, a ideia geral era de um cenário de um filme apocalíptico.
Marcelo foi até um corpo ao chão. Não entendia por que tantas pessoas estavam jogadas com todo aquele caos à sua volta. Ao olhar o corpo mais de perto ele sentiu um nó no estômago e seu sangue subir lhe a face, as vísceras do que fora um homem de meia idade estavam expostas escorrendo no asfalto quente e úmido.

– Caralho. Que, que é isso?
Marcelo correu no encalço de um desorientado que seguia por um calçamento.
– Ei senhor! Espere um segundo!
A criatura estacou e girando desajeitadamente e demoradamente até o encarar, Marcelo que congelado fitava aquele homem um tanto quanto pálido. Até parecia um morto vivo. Sua pele toda inflamada e inchada.
– O que houve aqui?
A criatura desatou a marchar em sua direção, uma marcha claudicante arrastando um dos pés. Um homem de aparentemente uns 35 anos bem vestido. Só que aqueles olhos e o fluído que saia de sua boca assustou Marcelo que despertou de um torpor momentâneo. A criatura balbuciava e se direcionava com os braços levantados como se quisesse alcançá-lo para um abraço fraternal. Marcelo recuando a passos largos indagou:

– Você tá bem cara? O que houve aqui?
Uma breve olhada ao redor, Marcelo teve uma nítida impressão que os outros que perambulavam por ali agora se dirigiam a ele balbuciando em uníssono algo incompressível.
– Mas que merda é essa agora?
Um grito ecoou pelo ar atraindo sua atenção para o alto do Copam, o imenso ponto turístico arquitetônico da cidade estava em chamas, pessoas ensandecidas se jogavam de suas sacadas na pífia tentativa de se salvar.
– Meu Deus!
Marcelo recuou e desatou a correr. Vestia calça djeans, camiseta e sapatênis, um tanto desconfortável para uma corrida, mesmo assim desatou a correr pela rua. Alcançou o estacionamento onde seu amigo havia estacionado o carro.
– Isso não pode ser possível eu devo estar pirando!
O estacionamento estava revirado, os carros uns sobre os outros todos queimados, como se fossem atingidos por um bombardeiro aéreo.
"Pelos meus cálculos apaguei lá pelas 2 ou 3 horas, acordei as 10h, nesse ínterim a cidade foi devastada. Impossível! Mas e quanto aquelas pessoas, talvez estejam em um surto de pânico ou algum tipo de psicose?"
Marcelo pescou o celular no bolso, precisa encontrar seus amigos. Um deslize rápido do polegar pela agenda do aparelho, discou para o Beto, porém seu celular estava mudo, olhou o sinal no display e estranhou a ausência do mesmo.
– Só faltava essa!

Caminhou para fora do estacionamento com o celular na mão a procura de sinal. Sem sucesso ele olhou a sua volta à procura de um telefone público. Correu uns noventa metros até o telefone mais próximo, mas logo desanimou ao constatar que também estava sem serviço.
"Como acharei os caras agora? Onde se meteram?"
Marcelo voltou ao estacionamento e procurou o carro de seu amigo. Olhou ao redor próximo a vaga onde estava estacionado. Encontrou apenas marcas de pneus, como se o condutor estivesse com muita pressa. As marcas conduziam até a saída e se fundia com outras muitas no asfalto. Ao redor alguns veículos abandonados, batidos e em chamas.
Os balbucios ecoavam no ar, a sensação era que estavam a apenas alguns metros, a sua volta, porém os transeuntes pálidos mais próximos estavam há centenas de metros e se deslocavam lentamente.
Marcelo seguiu pela rua, seus ouvidos estavam atentos, uns sons inconfundíveis de disparos de armas de fogo ecoavam num intervalo médio de três minutos.
À sua frente um poste de energia quase ao chão se sustentava apenas pela rede elétrica que o mantinha num ângulo de 45°. Uma colisão o fez pender desta maneira, um Chevette bege estava parado ao lado. O veículo colidira violentamente com o poste de energia elétrica, sua frente desforme e totalmente destruída emanava uma fumaça cinzenta, as luzes de freio permaneciam acesas. Marcelo logo reconheceu o carro.

– Cacete é o Chevette do Celinho.

Ele correu até o automóvel olhando seu interior, os dois ocupantes estavam atados ao cinto de segurança. Celinho adepto a manobras radicais com veículos havia preparado o seu para tal, modificando o motor, o câmbio, adicionando turbo e incluído quites de segurança como barras de proteção no interior do veículo e cintos de segurança de três pontas, o mesmo usado no Stock Car. Os cintos atavam os dois passageiros ao veículo, Celinho ao volante e Beto de passageiro.
"Celinho e o Beto estão aqui, mas e o Rafa? Cadê esse gordo?"
Os ocupantes aparentemente adormecidos não reagiam aos estímulos sonoros e táteis de Marcelo. Já com os olhos marejados e pensando no pior ele soltou o cinto de Beto, este que pendeu por alguns segundos e desabou para fora do carro.
As lamúrias em uníssono eram aterrorizadoras, os gritos e tiros como pano de fundo fazia de toda aquela situação algo surreal.
Quando Marcelo se aproximou da fivela do outro cinto seu amigo Celinho abriu os olhos. Marcelo o encarou, já não era mais aqueles velhos olhos de seu amigo. Algo errado havia ali.

- Celinho sou eu, Marcelo. Sou eu porra! - gritava o rapaz gesticulando a frente do amigo.
Celinho procurava algo invisível, seus olhos atravessavam a silhueta de Marcelo, fixando o nada. Sua boca mordiscava o ar, em vão ele tentava sair daquela pequena prisão no acento de seu próprio carro. Marcelo se afastou, com lágrimas rolando ele encarava seu amigo pálido, inconsciente, porém acordado, usando aquela linguagem que ecoava nas ruas, um balbuciar incompressível, de sua boca saia uma nesga de saliva espessa. Marcelo fechou a porta e abandonou seu amigo ali, atado a um cinto de segurança largado a própria sorte.
Olhando a sua volta notou dois andarilhos se aproximando.
– Que desgraçados!

Consultou novamente o celular, o mesmo ainda não emitia sinal. Beto havia se levantando e seguia a passos lentos e descoordenados em direção de seu amigo.
– Beto, Beto. Cara o que há com vocês. Fala comigo porra! - se desesperou Marcelo.

Com receio ele se afastou, ganhou uma distância segura, escalou um muro de um metro e meio, se esgueirou para uma laje ao lado onde permaneceu em segurança.
Sobre a laje Marcelo se sentia mais seguro, os andarilhos inclusive seu amigo seguia ao seu encontro, porém sem habilidades e dotados de uma lentidão anormal os andarilhos não conseguiriam escalar o muro e se acotovelavam com os braços elevados como se clamassem por chuva. Marcelo explorou a sua volta, estava sobre a marquise de uma loja de assistência técnica para celular. As portas estavam trancadas, como a maioria dos comércios local. Olhou o horizonte, procurando entender o que estava havendo ali, o sol a pino não dava trégua. Já era 11:53h, Marcelo não pensava mais em seu emprego, precisa entender o que se passava ali, refletia sobre os acontecimentos, sobre seus amigos e sua família.

– Será que o Rafa escapou? Porquê todos estão agindo assim, feito zumbis?
Em um ângulo diferente Marcelo visualizou o carro do amigo, Celinho se movia descoordenadamente atado ao cinto de segurança. O para brisas havia sido estilhaçado, uma marca de sangue seguia pela rua, como se algo fosse arremessado de dentro do carro e arrastado deixando seu rastro escarlate por alguns metros à frente.
– Não, não pode ser. - murmurava Marcelo.

Ele não queria se quer imaginar no que via, custava a crer o que seus olhos lhe mostravam. Há algumas centenas de metros por onde o rastro de sangue seguia, um grupo de pálidos se debruçava sobre algo. Aflito ele estreitou os olhos procurando identificar o que acontecia. Havia sangue espalhado para todo os lados. Marcelo andou sobre a laje, escalou um novo patamar seguindo pela laje do prédio vizinho e assim o fez o máximo que pude. A próxima construção é um prédio residencial de vários andares. O rapaz se arriscou, dependurou na fachada do prédio onde estava e se soltou, caiu em queda livre por três metros e meio. A aterrisagem meio desajeitada não o feriu. A passos lentos ele seguiu atrás do grupo reunido, Marcelo se arrepiou com o som repugnante que o grupo emitia. Estavam se alimentando, de uma carcaça humana.

– Não, não, não é possível! Esses filhos da puta...
Marcelo fixou seu olhar para um integrante em destaque no grupo, usando uma camisa número 9 do Luís Fabiano, a mesma que Rafael usava na noite anterior. Ele se alimentava fartamente das vísceras de uma mulher desmembrada. Marcelo contornou o grupo e o empurrou junto ao chão próximo a guia da calçada.
– Que porra é essa que você está fazendo?
O rapaz caiu pesadamente para trás, Marcelo teve uma melhor imagem de seu amigo, seu rosto estava ensanguentado, uma de suas mãos fora triturada e pendia para o lado, provavelmente devido uma fratura, sua pele era pálida, seus olhos sem brilho e de sua boca só palavras incompreensíveis e sangue.
– Você também Rafa. Não pode ser. Não pode fazer isso comigo cara! Pelo amor de Deus o que tá havendo aqui?

Marcelo chorou mais uma vez, pensou em sua família, sua mãe e suas três irmãs. Não poderia esperar mais, precisava correr.
Ele deu uma última olhada em seus amigos, Celinho ainda atado ao cinto do veículo se debatia feito uma ave presa em uma arapuca, Beto se deslocava junto com mais dois andarilhos seguindo a seu encontro e Rafa continuou ali caído, numa tentativa frustrada de se levantar. As lágrimas rolavam quando Marcelo girou e iniciou sua corrida, correu algumas centenas de metros até não aguentar mais, adepto ao sedentarismo e dono de uma silhueta roliça ele não aguentou muito tempo a corrida. Decidiu seguir em frente caminhando pela avenida Ipiranga, 12:21h e 32° marcava no relógio do canteiro central da via.
Sua camiseta estava empapada de suor, sua frequência cardíaca já ultrapassavam os 200 batimentos por minuto, sua respiração acelerava a cada metro alcançado, mas sem hesitar Marcelo seguia a passos decididos sua jornada em busca de sua família.
Os gemidos surgiam de todos os lados. O som abafado de tiros também era constante. Marcelo havia percorrido um pouco mais que meio quilômetro, já passava das 12:45h quando uma silhueta surgia em seu campo de visão, depois outra e mais duas, outras seis, todas perdidas perambulando a esmo feito baratas envenenadas. O rapaz correu desviado de cada uma delas, tentando não ser agarrado, as criaturas eram lentas e sem reflexo.
Na praça da República não era diferente, um monte de sujeitos perdidos caminhava aleatoriamente, alguns grupos dispersos se refestelavam com algumas carcaças emitindo aquele som repugnante de carne crua sendo mastigada. Lembravam muito um ruminante.
Já se aproximando da conhecida esquina da Ipiranga com a São João Marcelo desacelerou seus passos. Não acreditara no que via. Lembrava muito a Cracolândia, um amontoado de gente andando pelas ruas, formando um borrão desforme, quase não se tinha espaço para atravessar. Marcelo procurou encontrar outras alternativas, a avenida São João também estava tomada pelas criaturas pálidas.
Um dilema surgiu. Ou voltava alguns quarteirões e procurava um caminho mais seguro ou enfrentaria aquela horda de zumbis.
"O que eu faço agora? Não posso perder tempo, se eu voltar posso não encontrar outro caminho." - ponderou.
Marcelo olhou ao redor procurando respostas. Sem sucesso ele recuou alguns passos.
"Será que encontro alguém lucido dentro destes prédios?" - se perguntou olhando para o alto dos prédios. "Devem estar infestado destas coisas. Eu não posso mais perder tempo. Minha mãe e as meninas dependem de mim."
Na esquina, mais precisamente na calçada do Bar Brahma havia um carro aparentemente sem maiores danos, a julgar a maioria que se via pelo caminho. Era um Corsa sedam verde. O motorista provavelmente perdeu o controle e invadiu o calçamento da rua, em frente ao bar, onde haviam mesas e cadeiras espalhadas. O carro apresentava alguns amassados, nada que o impossibilitava de andar. Marcelo verificou o contato e sorriu ao ver as chaves na ignição. Seu sorriso não durou muito, ele não sabia dirigir, já tinha 31 anos e sentia vergonha desta condição já que todos os seus amigos dirigiam. Então Marcelo abriu o automóvel e entrou girando a chave no contato. O carro respondeu iluminando o painel.
"E agora? Calma Marcelo, vai com calma que você chega lá."
Buscou em suas lembranças as três únicas aulas de direção que teve com uma amiga há alguns anos atrás. Marcelo girou a chave no contato mais uma vez, desta vez até o carro dar um tranco e desligar em seguida. Teve uma vaga lembrança desta situação, sabia que o carro estava engatado. A sua volta as criaturas se dirigiam em sua direção. Marcelo mais uma vez ligou o carro desta vez o veículo permaneceu ligado, olhou para frente e sabia que por ali ele não conseguiria seguir. Olhou para o câmbio, seguindo o esquema de marcha na manopla, então ele pisou fundo no pedal e trocou a marcha. Tinha a ideia fixa que não poderia soltar a embreagem de uma só vez pois assim o carro ia morrer novamente. Ele tentou soltar devagar a embreagem acelerando com o outro pé simultaneamente. O veículo aumentou o giro do motor, mas não saiu do lugar. O barulho alto do motor funcionando atrairá a atenção de mais andarilhos. Marcelo se desesperou tentando encaixar a marcha ré. Forçando o câmbio em várias direções.

– Vamos lá, entra caralho!
A criaturas seguia há algumas dezenas de metros ao seu encontro.
Três batidas seca no vidro do carro fez Marcelo dar um pulo no acento do veículo. Foi preciso alguns segundos para entender a situação.
– Abre a porta! Abre ai! - falava baixinho um sujeito alto de rabo de cavalo junto a porta do motorista.
Marcelo abriu a porta já se desculpando.
– Desculpe, vi o carro abandonado achei que o dono havia se transformando em um deles.
– Relaxa! Esse carro não é meu, mas não me importo de guiá-lo e nos tirar daqui.
– Claro! Se você sabe dirigir vamos sair daqui agora! - respondeu Marcelo apressado.
Marcelo pulou para o banco ao lado e o rapaz assumiu a direção. Engatou a ré, sem dificuldades. Colocou seu braço direito sobre o descanso do banco do passageiro e olhando pra trás conduziu o carro para fora da calçada entulhada. Manobrou agilmente o veículo até o meio da pista. A sua frente a horda na avenida Ipiranga, ao lado as criaturas surgiam da avenida São João de ambos os lados.
– E ai? O que faremos? - indagou o rapaz com ar iluminado.
– Eu preciso ir pra casa, preciso encontrar minha família! - disse Marcelo mais animado.
– E onde você mora?
– No Tatuapé!
– Bom! Eu vou para a Barra Funda. Posso te deixar em casa e ficar com o carro que tal? - sugeriu o rapaz.
– Por mim tudo bem! A propósito como se chama?
– Renato. E você?
– Marcelo. - respondeu estendendo a mão para um breve cumprimento.
– Se segura ai Marcelo.
Marcelo sem demora atou seu cinto de segurança quando Renato arrancou com o veículo cantando pneu. O veículo seguiu em alta velocidade.
– Cacete Renato você não vai atropelar eles? Vai?
– Mais ou menos!
– Como assim cara? Eles são seres humanos!
– Agora não são mais.

A 70 quilômetros por hora o veículo zunia pela avenida Ipiranga, há apenas alguns metros da horda ele deu uma guinada puxando o freio de mão, fazendo o veículo girar jogando sua traseira em cima dos andarilhos. Os corpos eram arremessados ao longe, o barulho no interior do veículo era medonho, como sacos de batatas caindo sobre a lataria.
Renato guiou saindo do meio da horda por algumas centenas de metros, manobrou o veículo e retomou para o meio do inferno novamente. Marcelo entendeu o que o Renato pretendia fazer. Outra manobra abriu ainda mais caminho por entre a horda de andarilhos.

– Meu, você tá matando eles!
– Que se fodam esses malditos. - bradou Renato manobrando mais uma vez o carro. - Se você vacila eles é quem te matam.
O carro seguia mais uma vez, agora já com o caminho praticamente livre, atravessou a hora de andarilhos que ficavam para trás a cada segundo, alguns eram atropelados e arremessados para alto como pinos de boliche em um Striker.
Renato buscou os olhos de Marcelo estendendo a mão.
– Como é que é? Foi ou não foi uma boa?

Marcelo estava aliviado e sorrindo. Seguiram por alguns metros, Renato ainda comemorava e olhava para Marcelo enquanto contava vitória. Marcelo ainda sorria, mas sua face se transformou.
Renato voltou os olhos para a pista, mas já era tarde. Uma criança corria atravessando a rua, o motorista desviou perdendo o controle do veículo que foi em direção a um outro que estava abandonado na pista. O impacto foi tão violento que tratou de ceifar a vida de Renato para o além-vida. Ele estava com o rosto para fora do para brisas e o peito grudado ao volante. Marcelo sentiu uma dor violenta no joelho esquerdo e no peito. Viu Renato já sem vida com o rosto enterrado nos estilhaços de vidro e os olhos esbugalhados o encarando.
"Cacete cara, precisava correr tanto?"
O impacto provavelmente quebrou seu pescoço. Marcelo lamentou o fim daquele breve contato com um outro lúcido, mas lamentou ainda mais o carro, agora destruído.
Ele desatou o cinto de segurança e saiu tropeçando do veículo procurando ar. Sentia fortes dores no peito, levantou a camiseta e se horrorizou com o enorme hematoma na diagonal de seu tórax. Deu alguns passos e caiu. Precisava de ar, sentia um mal súbito. A criança que havia atravessado a rua se aproximou de Marcelo.

– Você está bem tio?
– Moleque cadê seus pais?
– Estão lá dentro. - apontou o garoto para um antigo prédio residencial.
– Preciso de ajuda! Chame os por favor?
– Eles não podem, prendi eles na cozinha.

Marcelo entendeu o recado e ficou com pena do garoto.

– Você não tem avós ou irmãos? Alguma pessoa que possa me ajudar?
– Não! Só meus tios, mas eles moram em Santos.
– Então me ajuda aqui!
O Garoto ajudou Marcelo a se levantar.
– Aquele cara morreu? - indagou o garoto curioso.
– Não! Só desmaiou. Fique aí. Assim que ele acordar avise-o que fui pra casa.
– Tá bom. - murmurou o garoto um tanto sentido.

Marcelo seguiu só, um filete de sangue escorria de sua cabeça se misturando ao suor em seu rosto que embaralhou sua visão. Deu mais dois passos trôpegos e desabou inconsciente.
O sol a muito iluminava a terra e aquecia as almas perdidas que lá ainda viviam.
Marcelo despertou, teve a sensação de que tudo não passava de um delírio, um pesadelo talvez. Ao se levantar sentiu a fisgada no joelho. Um tensor de nylon havia ali, para limitar seus movimentos e prevenir piores lesões. Apalpando sua cabeça Marcelo encontrou uma atadura enrolada. Levantou se, sentiu seu mundo girar por alguns segundos, andou alguns passos até a janela. Percebeu logo que estava dentro de um apartamento modesto e embolorado no segundo ou talvez terceiro andar de algum prédio residencial. Um cântico macabro soava de uma porta ao lado. Uns gemidos. Marcelo se aproximou, e logo identificou que estava na casa do garoto, e que esses gemidos atrás da porta são seus pais. O garotinho trouxe alguns pacotes de bolacha e Coca-Cola quente.

– Só temos isso tio!
– Opa! Muito obrigado. - disse Marcelo apalpando seu joelho.
– Meu pai usa essa proteção pra jogar bola, ele disse que protege seu joelho.
– Obrigado rapazinho!
– Me chamo Caio e não rapazinho!
– Foi mal Caio, eu me chamo Marcelo. - respondeu o rapaz engolindo uma bolacha recheada. - Caio por acaso você sabe o que aconteceu?

Porque todos ficaram assim feito zumbis?

– Não sei. Quando acordei de manhã para ir para escola meus pais estavam deste jeito, fiquei com medo e os tranquei na cozinha. Houve muito barulho na rua, os vizinhos estavam gritando e chorando. A energia acabou, a água acabou, os telefones não funcionam mais, tudo virou uma bagunça.
– E seus pais, porque os trancou lá na cozinha?
– Eles estavam diferentes parecia que foram hipnotizados, chamei eles, mas não me responderam e começaram a babar, fiquei com medo, fechei a porta e corri. Escondi em meu quarto, mas eles não vieram atrás de mim, ficaram lá na cozinha e lá permaneceram até agora.
– Onde eles costumam ir de manhã?
– Meu pai vai na padaria toda manhã e minha mãe fica lá na cozinha preparando o café e meu lanche.
Marcelo se levantou testando seu limiar de dor, começou a caminhar em círculo na sala.
– Caio você sabe que seus pais estão doentes né?
– Sim, por isso eu estava indo na farmácia quando seu amigo quase me atropelou.
– O que ia fazer lá?
– Comprar algum remédio pra eles.
Marcelo se emocionou com o garoto, viu nele a mesma preocupação em que sentia quanto a sua família. Olhou no relógio já passava das 14:30h.
– Caramba! Preciso sair daqui, minha mãe e minhas irmãs precisam de mim.
Marcelo se apressou em terminar com os biscoitos e o copo de coca. Olhava para o garotinho desamparado, que cutucava a própria unha do polegar, como se estivesse eliminando um piolho, sua cabeça baixa e seu corte tigelinha comoveram o rapaz.
– Caio venha comigo, vamos ver se está tudo em ordem na minha casa, depois voltamos com os remédios para cuidar de seus pais. Eles não vão fugir daqui. A porta está trancada não é mesmo?
– Sim!
– Pois então, vamos comigo. Pegue sua mochila leve uma peça de roupa e o que você achar de comida ou bebida.
– Tá bom. - respondeu o garoto sorrindo.
Marcelo seguiu o menino com os olhos, foi até um aparador revestido de fórmica próximo a sala de jantar. Encontrou alguns mantimentos, porém o que se dava para comer na hora eram as bolachas recheadas. Pegou o máximo que pude.
– Caio! Seu pai tem alguma mochila? - perguntou Marcelo invadindo o quarto da criança.
O garoto estava colocando a bolsa nas costas quando Marcelo chegou, o interrompendo.
– Que isso? Onde você pensa que vai levando esse monte de tralha?
O garoto visivelmente decepcionado deixou seus brinquedos em seu baú esvaziando sua mochila. Mais uma vez Marcelo foi tocado pela alma pura de uma criança, lembrará de sua irmã caçula aparentemente da mesma idade de Caio. Nada no mundo o impediria de faze-la feliz.
– Caio só leve um brinquedo. Você não vai ter muito tempo para brincar.
O garoto sorriu e sem titubear pegou o Thor, um boneco articulado de uns 23 cm.
– É ele que você vai escolher pra nos seguir nessa aventura?
– É sim!
– Ótima escolha, ele será muito útil, já que ele é um deus nórdico. Caio coloque essas coisas na sua mochila, são nossas provisões. Não encontrei nenhuma outra bolsa nesta casa.
– É porque elas ficam no armário da lavanderia, precisamos passar pela cozinha pra pegar.
– Vamos usar a sua mochila mesmo e nos mandar daqui rápido antes de escurecer. "Tenho a sensação que essa será a mais longa das noites".
Marcelo e o garoto saíram do apartamento, Caio teve a preocupação de trancar a porta ao sair e colocar a chave debaixo da palmilha do tênis.
Seguiram pela avenida São João, passaram pelo carro abandonado por Marcelo.
– Tio, seu amigo! - gritou o garoto apontando para um homem alto com um rabo de cavalo.
Renato estava em pé meio curvado no meio da pista. Ao se aproximar Marcelo teve cuidado. Não queria ter mais surpresas.
– Ei Renato, você está bem cara!
Renato se virou devagar, revelando seu real estado. Seu rosto estava irreconhecível todo retalhado esvaindo em sangue, sua mandíbula estava dependurada, faltava lhe vários dentes, seu nariz antes longo e fino estava totalmente assimétrico e inchado, em seus olhos não havia mais brilho. Seu peito estava fundo, como se um elefante o tivesse pisoteado. Haviam fraturas expostas em seus punhos, ossos brancos e pontiagudos apontavam de seu antebraço. Uma figura bizarra.
– Cacete Renato você também virou um deles? Vamos Caio, vamos sair daqui.

Os dois se separaram e driblaram o monstro. Renato sibilava com sua mandíbula triturada.
Se dirigiram para avenida Cásper Líbero. Há algumas quadras a frente despontava por entre prédios e árvores a torre do relógio da estação da Luz que marcava 15h.
O mundo acordou mais um dia, mas não era um dia comum como outro qualquer, hoje é o primeiro de muitos dias infernais na terra. Enfim o apocalipse, não se ouviram as trombetas nem os avisos somente a praga, a raça humana como a conhecemos está em extinção. A luta  será diária para sobreviver a este circo de horror.
Marcelo e Caio haviam chegado no bairro da Luz. O número de andarilhos ali aumentou exponencialmente, talvez por ter uma das maiores estações de Trem e Metrô da américa Latina.
"Se o surto desta praga se propagou no ar eis aqui o lugar com mais doentes por metro quadrado." - pensou Marcelo um tanto preocupado.
Seguiram para as linhas do trem. Marcelo que dependia do transporte coletivo conhecia as linhas do Metrô e da CPTM de São Paulo como ninguém.

– Vamos por aqui Caio, é só seguir os trilhos que logo chegaremos em casa.
Marcelo e Caio entraram na estação Luz da CPTM. Alguns portões de acesso às baldeações ao Metrô estavam trancados. Andarilhos circulam por ali, com seus típicos caminhares.
– É o seguinte Caio. Tá vendo aquelas catracas ali? - apontava Marcelo sussurrando.
– Sim Tio.
– Então vamos precisar correr o mais rápido que podemos, entendeu? Vamos descer as escadas. Corra mais rápido que puder.
– Pode deixar! - respondeu o garoto.
– No três. Um, Dois, Três vamos!
Marcelo correu direto para as catracas da estação, se apoiou na base das roletas e deu um salto ala parkur, correndo para a escadaria de acesso ao embarque do trem com o destino a Guaianazes. Caio com suas pernas curtas seguia logo atrás.
– Vem Caio, por aqui.
Desceram a escadaria mais tranquilos diminuindo o ritmo da correria.
Na estação as criaturas andavam por entre os vagões dos trens estacionados.
– Merda. Os trens estão aqui!
– Mas eles não estão funcionando Tio.
– Eu sei, não viemos tomá-los, vamos seguir no trilho.
Há uns 150 metros adiante terminava a estação, porém não era seguro seguir por ali. Haviam muitos andarilhos, os trens estacionados os limitavam a área de fuga só dava para seguir em frente ou recuar.
"Estes caras são bem lentos, dá para ir, mas não posso me arriscar com o garoto".
– E agora Tio? Vamos correr de novo?
Marcelo olhava para a imensa estação, os andarilhos circulavam lentamente sem objetivos em seus passos.
– Já sei! Caio se esconda ali. Só sai quando eu mandar você correr. Daí você segue o mais rápido que pode para o fim da plataforma. Entendeu?
– Sim. - respondeu o garoto se esgueirando pra debaixo de um banco.
Marcelo entrou em um vagão, dois andarilhos estavam ali estagnados alheios ao mundo. O rapaz forçou uma das barras de apoio dos usuários do trem, fez uma força descomunal para retira-la de sua base. Ao empunhar a barra de aço inox Marcelo bradou.
– Venham, venham. Vocês não me querem? Vamos! Ande seus merdas. - brada Marcelo golpeando a lataria do vagão com a barra.
O estardalhaço chamou a atenção das criaturas que agora se dirigiam a ele.
Caio assistia a cena apreensivo, as criaturas passavam por ele, os passos há apenas alguns centímetros.
Quando o último passou pelo banco onde Caio se abrigava Marcelo parou.
Um segundo as lamúrias em uníssono ecoavam na estação.
– Correee! Caio vai, agora!
O garoto agilmente saiu de seu esconderijo e iniciou sua corrida.
Marcelo estava no segundo degrau da escadaria de acesso as catracas, queria ver o garoto por entre a multidão de andarilhos. Sorrindo Marcelo empunhou a barra de aço inox como um gladiador de arena.
– Então é com a gente agora!
As primeiras criaturas a tombarem eram as que estavam no vagão. Com um golpe certeiro na têmpora elas caiam uma a uma. Um grupo maior se aproximava, Marcelo as enganou entrando no outro vagão e reaparecendo alguns metros à frente. Mais algumas criaturas seguiam em sua direção, mas eram lentas demais. Marcelo correu até o final da estação quando duas mãos o agarraram fazendo o tombar. A criatura uniformizada com os trajes da CPTM caíra sobre ele e tentava insistentemente mordê-lo. Marcelo o mantinha em certa distância contendo o pelo pescoço. Com a outra mão ele tentou em vão pegar a barra caída ao lado. Uma breve olhada viu o grupo se aproximar.
– Maldito sai de cima de mim! - gritava Marcelo tentando empurrar a criatura.
Eles rolaram, agora Marcelo o montava e enlouquecido começou a desferir socos na face da criatura, socos após socos, ele a continha com uma mão em seu pescoço e socava com a outra mão, dezenas de golpe foi desfazendo a face do monstro que parou de reagir.
- Mal– ditos, malditos, malditos... - choramingava Marcelo. Ele se recompôs e alcançou a barra de aço inox ao se levanta cravou o aço na boca aberta da fera que jazia desfalecida.
– Engole isso maldito.
Marcelo e Caio seguiram pela linha do trem, eram aproximadamente 9 km até a estação do Tatuapé. Ali eles estariam em segurança já que as linhas férreas eram isoladas das ruas por altos muros.
Algum tempo depois, ao se aproximarem da estação Tatuapé as criaturas reapareceram, talvez pelo fato de existir dois Shoppings interligados a estação e o fluxo de pessoas ali ser grande. Marcelo decidiu não arriscar entrar na estação.
– Vamos escalar esse muro e já estaremos pertinho de casa.

Marcelo segurou Caio pela cintura e o levantou, Caio por sua vez se segurou ao muro e o escalou. Marcelo teve maiores dificuldades, sua estatura e seu sobrepeso não o ajudava em nada naquela situação.
Marcelo saltava constantemente na tentativa de segurar no alto do muro. Ele olhou para estação, mais criaturas perambulava por ali.
"Não posso matá-los, são pessoas doentes. Quando haver uma cura vou me sentir muito mal por tê-los findados."
Mais algumas tentativas até que Marcelo consegue se pendurar no muro. Fazendo uma força sobre-humana ele sobe emergindo seu corpo até o alto e sentando com uma perna para cada lado do muro. Vislumbrando o que restou do bairro ele pasma. A Radial Leste toda engarrafada e deserta de presença humana, Marcelo imaginava o rush das sete e o povo abandonado seus carros fugindo do mal.
O sol já tocava o horizonte, no relógio digital da avenida marcava 17:39h e 29°. Fazia calor naquela tarde, neste horário aquele trecho era frequentando por dezenas de milhares de pessoas, ônibus completamente lotados passavam no corredor, os Trens e o Metrô não diferente vomitavam centenas de proletariados nas estações. Agora só havia mortos-vivos.
Já anoitecia, o céu aos poucos revelara seu lado sombrio. Marcelo e Caio seguiram pela rua Tuiuti até a praça Silva Romero, mais andarilhos levavam suas vidas de forma indefinida, perambulavam aos montes, emitindo sempre a mesma lamúria. As criaturas se alimentavam de outros. Desceram a rua Serra de Bragança se esquivando de um ou outro andarilho, alcançando um pequeno prédio residencial. Marcelo sacou as chaves de dentro do bolso, abriu o portão social e invadiu a recepção do prédio. Os elevadores não funcionaram, estavam desligados. Marcello correu pela escadaria de emergência, subiu os degraus de dois em dois até o terceiro andar. O silêncio e frio no prédio fez seu corpo tremer. Marcello girou a chave e abriu a porta de sua casa. Tudo estava quieto. Olhou a pequena cozinha rapidamente, seguiu para a sala sem sinal de vidas, foi até os quartos. Não encontrou ninguém, sua mãe e irmãs não estavam mais lá. Marcello notara algumas roupas jogadas sobre a cama, buscou o alto do guarda-roupa, onde geralmente se guarda as malas e nada. Foi até o quarto de sua mãe e nada, algumas mudas de roupas se foram junto com elas. Caio chegara na cozinha, meio esbaforindo foi vasculhando os armários. Pegou alguns pacotes de bolacha e salgadinhos. Marcelo ao retornar a cozinha visualizou um bilhete fixado a geladeira.
"Ma meu filho! Não sei o que está acontecendo. Liguei milhares de vezes para o seu celular nesta noite e só chamava. Estou preocupada com você. Estamos indo para SBC na casa de seu pai. Se ler este bilhete fique ai. Não saia de casa, não é seguro. Logo as coisas vão melhorar. Te amo meu filho."

...continua...


Última edição por Ademar Ribeiro em Dom Ago 31, 2014 11:24 pm, editado 3 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Desolados - Episódio 1   Desolados - Episódio 1 Icon_minitimeSeg Ago 25, 2014 8:40 am

Bah... E aqui estou eu, mais uma vez.
Sabe que to adorando toda essa saga envolvendo zumbis. Ainda mais esses zumbis, bem do jeitinho que George A. Romero faria <3
Não tenho muito a acrescentar aqui.
Já sabe do meu amor pelo Caio, minha antipatia pelo Marcelo e meu ódio, por matar, o pobre do Renato tão precocemente. Mas tá certo. Gente cheia de frescura sobrevive muito mais. O mundo nunca é dos mais fortes, e sim dos mais cautelosos.

Olha mediante toda a genialidade que te apontei.
Desde a criação dessa chuva muito foda, até suas cenas de ação que me deixam com inveja... eu só te peço uma coisa: NUNCA mais coloca isso de continua no final.

Isso é nhenhenhem demais, para um escritor tão bom. Wink
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MensagemAssunto: Re: Desolados - Episódio 1   Desolados - Episódio 1 Icon_minitimeDom Ago 31, 2014 11:23 pm

Tammy Marinho escreveu:
Bah... E aqui estou eu, mais uma vez.
Sabe que to adorando toda essa saga envolvendo zumbis. Ainda mais esses zumbis, bem do jeitinho que George A. Romero faria <3
Não tenho muito a acrescentar aqui.
Já sabe do meu amor pelo Caio, minha antipatia pelo Marcelo e meu ódio, por matar, o pobre do Renato tão precocemente. Mas tá certo. Gente cheia de frescura sobrevive muito mais. O mundo nunca é dos mais fortes, e sim dos mais cautelosos.

Olha mediante toda a genialidade que te apontei.
Desde a criação dessa chuva muito foda, até suas cenas de ação que me deixam com inveja... eu só te peço uma coisa: NUNCA mais coloca isso de continua no final.

Isso é nhenhenhem demais, para um escritor tão bom. Wink
Ah Obrigado pela palavras! Essa semana já sai o terceiro!
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MensagemAssunto: Re: Desolados - Episódio 1   Desolados - Episódio 1 Icon_minitime

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